O dióxido de carbono produzido por usinas de energia alimentadas com carvão e veículos movidos a combustíveis fósseis tem causado nas últimas décadas, a cada ano, centenas de mortes prematuras nos EUA, afirmou um novo estudo.
As mortes devem-se a doenças do pulmão e do coração ligadas ao ozônio e às partículas poluentes encontradas no ar, elementos decorrentes do dióxido de carbono emitido pelos seres humanos, disse o autor do estudo, Mark Jacobson, da Universidade Stanford.
À medida que o planeta aquece-se em virtude do dióxido de carbono, o número anual de mortes deve aumentar. As mortes prematuras ocorridas nos EUA em virtude do gás carbônico gerado em atividades humanas devem chegar a mil por ano quando a temperatura global tiver subido 1 grau Celsius.
Quando o planeta atingir essas temperaturas, algo que pode acontecer ainda neste século, a taxa mundial de mortes deve elevar-se para 21.600, disse Jacobson em uma entrevista concedida por telefone, na sexta-feira.
A Terra aqueceu-se cerca de 0,8 grau Celsius nos últimos 150 anos, e a maior parte desse aquecimento ocorreu nas últimas três décadas. Segundo Jacobson, cerca de 700 a 800 mortes anuais registradas nos EUA nos últimos anos podem ser atribuídas às emissões de carbono advindas de atividades humanas.
Os gases do efeito estufa têm provocado o aquecimento global. Esse, por sua vez, deve elevar o nível dos oceanos e tornar mais frequentes e fortes as secas e as tempestades, neste século.
O estudo de Jacobson é o primeiro a relacionar diretamente um gás do efeito estufa à taxa de mortalidade entre os seres humanos.
O dióxido de carbono é um dos vários dos gases do efeito estufa responsabilizados pelas mudanças climáticas. Mas é também um dos que a humanidade mais facilmente poderia controlar, regulamentando atividades nas quais se queimam carvão e petróleo. O gás também é produzido em processos naturais.
Usando um complexo modelo de computador e dados sobre as emissões de carbono fornecidos pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA, Jacobson descobriu que o impacto é maior em locais mais densamente povoados e mais poluídos.
"Das mortes adicionais registradas anualmente devido ao ozônio e às partículas em suspensão, cerca de 30 por cento ocorreram na Califórnia, que possui 12 por cento da população (norte-americana)", afirmou, observando que na Califórnia estão seis das dez cidades mais poluídas dos EUA.
"Então, fica bastante claro que as mudanças climáticas afetam a saúde dos californianos de forma desproporcional", disse o pesquisador.
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Ambiente Brasil, 07/01/2008)