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incêndios florestais
2008-01-07
Boston - Os gigantescos incêndios florestais que no ano passado assolaram o sul do Estado norte-americano da Califórnia são uma antecipação do que poderia ocorrer no futuro próximo se persistir o aquecimento global, alertam cientistas.

No oeste dos Estados Unidos podem ocorrer mais incêndios afetando zonas de mais de 40 mil hectares devido a maiores emissões de gases causadores do efeito estufa, afirmou Thomas Swetnam, diretor do laboratório de pesquisa Tree-Ring, da Universidade do Arizona. “Muitas pessoas pensam que os efeitos ambientais da mudança climática serão sentidos dentro de 50 ou cem anos. Mas, não é assim. Eles estão ocorrendo agora nos ecossistemas, através do fogo”, acrescentou.

Desde meados dos anos 80, o número de incêndios florestais e a extensão das áreas afetadas têm aumentado, disse Swetnam. Na medida em que aumentou a temperatura, acelerou-se o degelo nas montanhas e os verões ficaram mais quentes, explicou. “Vejo isto como o principal grande indicador do impacto da mudança climática nos Estados Unidos, afirmou. São necessárias mais pesquisas sobre o ecossistema da Califórnia meridional, com seus chaparrais e suas florestas, bem como sobre o aquecimento, acrescentou.

Mais de 200 mil hectares de florestas, chaparrais e bairros residenciais na periferia de Los Angeles e San Diego se converteram em extensões vazias de restos de carvão vegetal, como resultado dos 16 incêndios ocorridos entre 21 de outubro e 9 de novembro do ano passado. O fogo afetou oito hectares e destruiu cinco casas na exclusiva zona de Malibu em janeiro de 2007. Outro, de maior magnitude, arrasou 50 casas entre 24 e 27 de fevereiro passado. Em maio, mais de 320 hectares arderam no Parque Griffith, em Los Angeles, e aproximadamente 1.900 hectares na ilha Santa Catalina. Em junho, centenas de casas foram destruídas ou danificadas em Lago Tahoe. Dezenas de milhares de pessoas tiveram de ser evacuadas e foram necessários mais de nove mil bombeiros para combater os incêndios. Depois, foram registradas algumas chuvas e houve alerta de inundações. As autoridades temiam avalanches de barro por causa da perda de vegetação.

A Califórnia meridional é uma região naturalmente propensa a incêndios, mas, ao contrário dos séculos passados, agora está densamente povoada e abriga milhares de residências. O clima mostrou em 2007 um padrão diferente e criou condições ideais para que se produzissem incêndios, afirmaram os especialistas. As condições foram semelhantes às de 2003, quando a seca e os ventos de Santa Ana provocaram incêndios que queimaram mais de 300 mil hectares.

Ronald Neilson, um especialista da Universidade do Oregon, disse ser impossível tirar conclusões sólidas sobre a mudança climática da evidência limitada aos incêndios da Califórnia. Mas, acrescentou que, somados aos recentes padrões climáticos, se ajustam a sua previsão de um aquecimento na área durante o próximo século, que provocará prolongadas secas e períodos de intensas chuvas. A Califórnia meridional sofreu uma severa seca. Durante o ano que terminou em 30 de junho de 3007, caíram apenas 80 milímetros de chuva, a menor quantidade desde 1877. Segundo o Departamento de Meteorologia da Universidade da Califórnia, a media anual é de 380 milímetros de chuva.

Os ventos de Santa Ana, secos e quentes, sopram espaçadamente a cada ano entre outubro e fevereiro. Mas, em 2007 foram fortes e se manifestaram durante dias sem interrupção. Iniciaram incêndios ao derrubarem cabos de eletricidade e em seguida avivaram as chamas. Estes ventos sopram, aproximadamente, por um ou dois dias, a velocidade de 32 quilômetros por hora, mas no ano passado chegaram a 48/64 quilômetros por hora, com rajadas de 136/139 quilômetros por hora. Estiveram presentes durante 78 dias, três vezes sua duração histórica média, segundo a Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (Nasa).

“No futuro, incêndios catastróficos como os ocorridos na Califórnia poderão ser algo normal, outra evidência de que a mudança climática é uma realidade, com  conseqüências graves”, disse Neilson. “Pode-se comprovar a existência de incêndios de maior magnitude, mais freqüentes e mais severos, por uma temporada mais prolongada, durante os últimos sete ou oito anos”, disse perante um comitê do Congresso norte-americano Abigail Kimbell, diretora do Serviço Florestal dos Estados Unidos. Além disso, ressaltou que embora possam estar relacionadas com a mudança climática é preciso mais pesquisas para estabelecer uma ligação direta. Os incêndios freqüentes, mas pequenos, que eram parte natural do ecossistema da Califórnia, não aconteceram, o que levou a um grande acúmulo de madeira morta e seca, que alimentou os recentes incêndios de grande magnitude, acrescentou Kimbell.

Os incêndios podem estar colaborando com o aquecimento global, ao liberarem na atmosfera grande quantidade de dióxido de carbono. Christine Wiedinmyer, do Centro Nacional para a Pesquisa Atmosférica, com sede em Boulder, no Colorado, estimou que os incêndios da Califórnia emitiram entre 19 e 26 de outubro passado 7,9 milhões de toneladas de carbono, equivalentes a 25$ da media mensal resultante de todos os combustíveis fósseis em todo o Estado.

Jason Neff, professor assistente de geociências na Universidade do Colorado, disse que no ecossistema natural dos Estados Unidos o excesso de carbono é absorvido pelas florestas e pelos oceanos, mas, alertou que na costa ocidental não estão em condições de fazê-lo. As áreas florestais utilizam o dióxido de carbono para seu crescimento. Porém, na zona ocidental do pais não desenvolvimento de novas florestas e o excesso de carbono está causando problemas. “O oeste está se tornando mais seco e quente, o que aumenta a propensão a incêndios mais freqüentes e severos, que liberam mais carbono, o que gera mais seca e altas temperaturas, realimentando o processo”, disse Neff. “Em uma situação natural, a quantidade de carbono é contrabalançada. Mas, já não temos um clima normal”, afirmou.

(Por Adrianne Appel, IPS, 03/01/2008)
*Este artigo é parte de uma serie sobre desenvolvimento sustentável
produzida em conjunto pela IPS (Inter Press Service) e IFEJ (sigla em inglês
da Federação Internacional de Jornalistas Ambientais).


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