O consumo de água não-tarifada por cerca de 35 mil famílias que vivem em vilas irregulares e áreas de ocupação em Porto Alegre, causa um prejuízo anual de R$ 12,6 milhões ao município. O fato é que as ligações irregulares de água, conhecidas como "gato", recaem sobre os usuários pagantes.
O diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), Flávio Presser, disse que o valor seria suficiente para construir 63 quilômetros de redes coletoras de esgoto por ano. Para ele, o crescimento demográfico descontrolado em alguns bairros da Capital multiplica a quantidade de ligações clandestinas.
Uma parcela da população (10%) é quem subsidia a tarifa social - benefício usufruído por 90% dos porto-alegrenses que consomem até 23 metros cúbicos de água. De acordo com Presser, o consumo das famílias é acima dos 300 litros por habitante em bairros com ligações irregulares. "Em Porto Alegre o consumo diário médio é de 240 litros por habitante dia. Nestes locais irregulares ou ocupados, o consumo chega a ser três vezes maior do que o projetado pela ONU que é de 110 litros", destacou.
Segundo ele, para tentar resolver o problema nestas áreas invadidas, o Dmae tem negociado com os moradores a colocação de um medidor. Um carnê é emitido pelo departamento e cada família paga a tarifa social de R$ 6,88 pelo consumo. "Sem hidrômetro para medir os gastos e sem o pagamento de uma despesa mensal, as famílias não se preocupam em fechar as torneiras e orientar as crianças para não brincarem com água", acrescenta Presser.
O diretor-geral do Dmae aponta outro problema decorrente dos "gatos": a contaminação da água. "Os condutos de plástico que levam o líquido até a casa muitas vezes têm contato direto com dejetos de animais e sujeira de toda espécie", comentou.
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JC-RS, 04/01/2008)