Buenos Aires - O primeiro relatório feito depois do início do funcionamento da unidade da empresa finlandesa Botnia, há dois meses, revela que a fábrica, na cidade uruguaia de Fray Bentos, não está contaminando o Rio Uruguai, como temia o governo da Argentina. O estudo - realizado por técnicos argentinos - está nas mãos da chancelaria da Argentina, segundo o jornal uruguaio El País.
Do ponto de vista biológico e toxicológico, o estado do Rio Uruguai é "razoavelmente bom", segundo os relatórios publicados pelo jornal, e não existem "efeitos alarmantes", conforme o subdiretor do Instituto de Geocronologia e Geologia Isotrópica, Héctor Ostera, um dos integrantes do grupo de pesquisa. O especialista destacou ainda que, "sob determinadas circunstâncias", foram detectados alguns componentes que antes não existiam no ar, em torno da planta de celulose.
Os argentinos consideram a fábrica poluidora, mas o Uruguai afirma que a tecnologia é limpa. O assunto chegou ao Tribunal Internacional de Haia, no qual a Argentina acusa o Uruguai de ter violado o Tratado do Rio Uruguai, por ter autorizado unilateralmente a instalação da fábrica. Para protestar contra a Botnia, os moradores da cidade argentina de Gualeguaychú - localizada em frente a Fray Bentos - bloqueiam freqüentemente a principal ponte que une ambos os países.
Também ontem, foi anunciado para o dia 14 o início das obras de outra fábrica de celulose no Uruguai, esta pertencente à empresa espanhola Ence. As instalações serão construídas no distrito de Punta Pereira, no departamento de Colonia, sudoeste do país, perto do Rio da Prata e a 50 quilômetros da capital argentina, Buenos Aires. A fábrica representará um investimento de US$ 1,25 bilhão e será inaugurada em 2010. O projeto original da Ence, em 2005, era instalar sua fábrica em Fray Bentos, mas os protestos argentinos fizeram a empresa mudar de idéia.
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Zero Hora, 04/01/2008)