Envio de gás para São Paulo e Cuiabá está ameaçado
O ministro de Hidrocarbonetos boliviano, Carlos Villegas, afirmou ontem (03/01) que o país andino não poderá atender integralmente os contratos de fornecimento de gás para o Brasil e a Argentina neste ano. Segundo ele, no caso brasileiro, não serão enviadas as quantidades negociadas com a Comgás (que atua em São Paulo) e para a termelétrica de Cuiabá (MT).
De acordo com o ministro boliviano, o não cumprimento dos acordos com Comgás e Cuiabá foi acertado na visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a La Paz, no mês passado. Villegas disse ainda que está assegurado o cumprimento do principal contrato de fornecimento de gás natural da Bolívia para o Brasil, de cerca de 30 milhões de metros cúbicos.
Na ocasião do encontro de Lula com o colega Evo Morales, ficou acertado que a Petrobras iria retomar seus investimentos na Bolívia. O montante pode chegar a US$ 1 bilhão, dos quais US$ 300 milhões estão garantidos.
A declaração de Villegas aconteceu durante anúncio em que o governo boliviano disse que quase US$ 1 bilhão será investido neste ano na exploração de gás pela YPFB (a estatal do setor) e 12 empresas estrangeiras, entre elas a Petrobras. Na agência estatal de notícias ABI, porém, o presidente Morales aparece dizendo que os investimentos serão suficientes para atender a demanda interna e as de Brasil e Argentina.
O governo de Mato Grosso diz que ainda tem esperanças de negociar o fornecimento de uma quantidade mínima de gás boliviano para a usina termelétrica de Cuiabá, que está parada há mais de 90 dias e não recebe remessas constantes de gás há quase quatro meses.
A BG Group, controladora da Comgás, não respondeu até o fechamento desta edição.
(Folha de São Paulo, 04/01/2007)