Fechamento temporário de aterro sanitário é a causa, segundo a prefeitura; o serviço começou a ser restabelecido ontem (03/01)
Como forma de protesto, moradores da rua Peru, na praia da Enseada, fecharam a via com montes de sacos de lixo na manhã de ontem
Além da falta d'água, moradores e turistas do Guarujá (87 km de São Paulo), no litoral sul, também enfrentaram problemas com a coleta de lixo na cidade. O serviço começou a ser restabelecido ontem.
Nos últimos dias, sacos de lixo se acumularam nas calçadas. Eles ainda podiam ser vistos ontem à tarde por ruas de Pitangueiras, Astúrias e Enseada.
O comerciante Eduardo Cassiano Gutierrez, 50, de São Paulo, disse que o problema incomodou moradores e turistas. "O cheiro chamou a atenção."
Ontem, ao sair da praia da Enseada, Gutierrez disse que se deparou com sacos de lixo na calçada. "É uma falta de organização muito grande. Acontecer uma coisa dessas em uma cidade que recebe turistas no final de ano é o fim da picada."
Pela manhã, moradores da rua Peru, também na Enseada, fecharam a rua com sacos de lixo, como forma de protesto.
"A gente teve de deixar o lixo dentro do prédio porque não cabia mais na lixeira [da rua] e para não empacar a entrada", disse o zelador Luis dos Santos, 36. Só no prédio em que trabalha, diz, cerca de 90 sacos ficaram acumulados. "Foram quatro, cinco dias sem recolher."
De acordo com o secretário de Serviços Públicos, Rogério Lima Netto, a cidade não tem área de transbordo e o aterro sanitário do Sítio das Neves, onde é despejado o lixo, conseguiu anular, na semana passada, uma liminar da prefeitura que obrigava o local a ficar aberto aos domingos e feriados.
Mesmo com decisão a seu favor, porém, o aterro decidiu funcionar no domingo. A prefeitura diz só ter sido avisada às 22h do sábado, quando não havia tempo para programar a coleta. Na segunda, disse, o recolhimento foi feito normalmente, mas o aterro teria fechado à 0h de terça e só aberto às 7h de anteontem. Neste período, o lixo ficou acumulado nos caminhões, diz. A Vital Engenharia Ambiental, que faz a coleta de lixo no Guarujá, disse o mesmo -que voltou a coletar lixo assim que o aterro reabriu.
Segundo o secretário, foram coletadas ontem 470 toneladas de lixo na cidade. A média diária normal é de 270 toneladas.
Disputa na Justiça
A coleta de lixo no Guarujá é alvo de disputas judiciais. Nesta semana, o advogado Sidney Aranha entrou com uma liminar para o serviço ser feito ininterruptamente até o Carnaval.
"Guarujá, graças a Deus, não foi castigada por uma chuva de verão forte, porque, se fosse, ia ter lixo em tudo o que é lugar."
A reportagem não conseguiu contato com os responsáveis pelo aterro do Sítio das Neves.
(Mariana Campos, Folha de São Paulo, 04/01/2008)