LONDRES (Reuters) - O ano de 2008 será menos quente do que os anos mais recentes, mas ainda assim figurará entre os dez mais quentes já registrados desde 1850 e não deve ser encarado como um sinal de que as alterações climáticas estariam perdendo força, afirmaram meteorologistas britânicos.
A Agência de Meteorologia da Grã-Bretanha e a Universidade de East Anglia (UEA na sigla em inglês) disseram na quinta-feira que a média das temperaturas globais de 2008 ficaria 0,37 grau Celsius acima da média de longo prazo registrada entre 1961 e 1990, de 14 graus Celsius. Mas que seria o mais frio desde 2000.
Segundo afirmaram, a previsão levou em conta o fenômeno climático anual conhecido como La Nina e que ocorre no Pacífico. O fenômeno, assim se espera, será bastante forte neste ano, o que brecaria a tendência de alta das temperaturas.
Também foram incorporadas as concentrações atmosféricas cada vez maiores dos gases do efeito estufa, as variações solares e as mudanças naturais na corrente dos oceanos.
"O fato de que 2008 será, segundo as previsões, o menos quente dos últimos sete anos não significa que o aquecimento global deixou de ser um problema," afirmou Phil Jones, diretor para pesquisas sobre o clima da UEA.
"Mais importante é a taxa de aquecimento subjacente -- o período de 2001 a 2007, com uma média de 0,44 grau Celsius acima da média de 1961-90, ficou 0,21 grau Celsius acima dos valores correspondentes para o período de 1991 a 2000."
O La Nina e seu antípoda, o El Nino, são fenômeno oceânicos e atmosféricos que influenciam bastante as temperaturas globais. O La Nina reduz a temperatura da superfície do mar em cerca de 0,5 grau Celsius. Já o El Nino provoca o efeito contrário.
"Fenômenos como o El Nino e o La Nina geram um grande impacto sobre a temperatura da superfície do globo e o atual La Nina, bastante forte, agirá de forma a limitar as temperaturas em 2008", afirmou Chris Folland, do Centro Hadley da Agência de Meteorologia.
"No entanto, prevê-se que as temperaturas médias sejam ainda assim significativamente maiores do que em 2000, quando um La Nina igualmente forte limitou o aumento da temperatura em 0,24 grau Celsius em relação à média de 1961-1990. É provável que as temperaturas voltem a subir significativamente quando o La Nina perder força", acrescentou.
O atual La Nina é o mais forte desde 1999-2000. A defasagem entre o La Nina e a temperatura média da superfície do globo significa que o efeito de resfriamento deverá ser um pouco mais intenso em 2008 do que durante 2007.
A Organização Meteorológica Mundial disse no mês passado haver indícios de que os anos de 1998 a 2007 formaram a década mais quente já registrada.
O Centro Hadley afirmou que os 11 anos mais quentes ocorreram todos nos últimos 13 anos.
(Por Jeremy Lovell,
UOL, 03/01/2008)