A Petrobras, por meio de sua assessoria de imprensa, descartou nesta quinta-feira (03/01) a possibilidade de reajustes nos preços dos combustíveis em decorrência do aumento do petróleo no mercado internacional – a cotação do barril, na quarta-feira (02/01), atingiu US$ 100.
A empresa reiterou que acompanha o preço do petróleo no mercado externo apenas no longo prazo, sem considerar a alta volatilidade registrada nas operações de curto prazo. Segundo a estatal, a valorização do real em relação ao dólar também tem anulado a necessidade de aumento de preços do produto no mercado interno.
De acordo com a assessoria da estatal, não há reajuste nos preços da gasolina e do óleo diesel no país desde setembro de 2005, enquanto o preço do barril de petróleo no período passou de US$ 60 para a faixa atual de US$ 90. Hoje, o barril já estava cotado a US$ 99.
O pesquisador Giuseppe Bacoccoli, da área de petróleo da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro(Coppe/UFRJ), lembrou que a cotação do barril do petróleo já está acima de US$ 90 há algum tempo e que isso não causou aumento no preço dos combustíveis no mercado brasileiro.
“O petróleo continua no mesmo patamar”, disse, ao apontar que a alta de ontem resultou da instabilidade no Paquistão, além de conflitos em vários países da África e da Ásia.
Entre os argumentos que comprovam a tese, Bacoccoli destacou o fato de o Brasil ser auto-suficiente em petróleo. E salientou que "nós produzimos petróleo a preço muito barato, além da forte base álcool combustível, por isso eu diria que nós temos a felicidade de ficar ao largo desse problema, que não nos atingirá no momento".
Na avaliação dele, a alta cotação poderá ter efeitos sobre as negociações da Petrobras no mercado externo: a estatal compra e vende no exterior cerca de 300 mil barris ao dia, de petróleo e derivados, "trocando tipos de petróleo". Ele acrescentou que "como o petróleo é produzido no país a preço inferior a US$ 40 o barril, e a estatal produz tudo o que consome, não há motivo para, no balanço final, pagar mais caro".
O pesquisador da Coppe/UFRJ afirmou que esse balanço poderá ser “levemente agravado”, em torno de 10%. E reiterou, no entanto, que “isso não abre margem para que se tenha que aumentar o preço dos combustíveis no país”.
(Por Alana Gandra, Agência Brasil, 03/01/2007)