Desde ontem (03/01), o presidente da Assembléia Legislativa do Acre, Edvaldo Magalhães (PC do 8), integra uma expedição sob a responsabilidade da mesa diretora daquele poder, que percorre o caminho da ocupação da grande região do Juruá.  A partida se deu do porto de Cruzeiro do Sul.  A aventura terminará no porto de Manaus.  A viagem deve duras dez dias.

De acordo com o deputado, esse é um dos caminhos mais antigos da ocupação e do abastecimento de uma das maiores regiões do Acre: o Vale do Juruá.  O rio Juruá, lembra Edvaldo, "foi e é o grande construtor dos municípios de Feijó, Tarauacá, Jordão, Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Rodrigues Alves, Porto Valter e Thaumaturgo".

Com a possibilidade do asfaltamento da BR-364, relata o parlamentar, "enganam-se os que acham que o rio Juruá perderá importância como rota de transporte de mercadorias".

Para Edvaldo, o rio continuará sendo uma via fundamental de abastecimento e para tanto precisa de cuidados.  Na avaliação do presidente da Aleac, o Acre necessita apostar fortemente numa política hidrográfica que leve em conta a preservação das nascentes de seus rios, recuperação das matas ciliares, a desobstrução de canais em rios e igarapés que são na maioria das vezes a única via de acesso da população ribeirinha às cidades.

"A ocupação do nosso espaço territorial se deu pelos rios", lembra o deputado comunista, destacando que "depois é que o Incra inventou o tal projeto burro de assentamento.  Tirou as pessoas da beira dos rios e igarapés para assentá-los nos "centros" mais distantes, sem acesso, aumentando a cada tempo a demanda por ramais.  Os afortunados ficaram com o filé: a beira dos rios", frisou.

De acordo com Edvaldo, "gastamos a cada ano uma verdadeira fortuna em manutenção, reabertura e conservação de ramais.  Pouco, muito pouco mesmo, se investe em desobstrução dos rios e igarapés onde, ainda, mora boa parte do nosso povo".

Por último, o deputado disse que a expedição vista discutir a importância dos rios e igarapés.  "O povo acreano se construiu por esses caminhos e o rio Juruá é uma das veredas do desenvolvimento regional do nosso Acre".

Hidrovia

O deputado Edvaldo Magalhães está descendo de barco o rio Juruá e depois o Solimões, até Manaus.  O deputado é um entusiasta da possível hidrovia, que ele espera ser incentivada pelo governo federal.

Hidrovia II

Um exemplo da importância da hidrovia: a entidade de classe dos produtores de móveis estimou que o Acre aumentou em 66% suas exportações no ano passado.  E esse número poderia ter sido ainda mais expressivo, especialmente para os fabricantes do Juruá.

Móveis

Cruzeiro do Sul, por exemplo, enfrenta um embargo de licenças ambientais e de burocracia para exportar portas maciças de madeira para a Venezuela, onde os programas habitacionais de Hugo Chávez aumentaram a demanda pelo produto.  Mas o escoamento é difícil.  E o Acre perde com isso.

(Amazônia.org, 04/01/2008)