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2008-01-03

Policiais que trabalham pela preservação foram alvo de disparos

Por trás da beleza selvagem das matas do Parque Estadual do Turvo, em Derrubadas, na fronteira com a Argentina, a criminalidade encontra refúgio. Para manter a exploração sobre a mais antiga unidade de conservação do Rio Grande do Sul, caçadores e pescadores estão atacando a tiros quem fiscaliza o local. Desde outubro, policiais militares que ajudam na preservação do parque já foram alvo de disparos duas vezes. Na primeira, em 18 de outubro, um sargento da Polícia Ambiental levou um tiro de raspão na cabeça quando patrulhava o Rio Uruguai de barco. Em 24 de dezembro, dois brigadianos e o diretor da unidade de conservação escaparam de cerca de 50 disparos feitos por quatro homens, que estariam pescando. Os tiros partem da mata densa, o que dificulta a identificação dos criminosos.

- Vamos ter de tomar cuidado cada vez maior. Nunca tinha deparado com uma situação como essa, de confronto com caçadores - conta o tenente Luis Carlos Diettrich, que participou da última operação.

Os pescadores largam redes, esperas e espinhéis no Rio Uruguai. Os instrumentos já retiveram até tartarugas e aves que se aproximam da água atrás de alimento. No Parque do Turvo, a pesca é proibida em qualquer época do ano. Em terra, os caçadores se valem da valorização da carne dos animais no mercado ilegal, que se alastra pela região até a divisa com Santa Catarina. Os mais visados são o cateto, a anta e o veado.

Área é refúgio de onça-pintada
O Parque do Turvo é o único local no Rio Grande do Sul onde vivem mamíferos como a onça-pintada e a anta. Mesmo assim, as equipes de fiscalização já depararam com os restos mortais de duas antas. Uma delas morreu no rio, baleada, depois de tentar fugir dos caçadores. Os predadores atraem os bichos com sal e esperam por eles em armações de madeira, espécies de jirau, erguidas a cerca de cinco metros do chão. Eles chegam a montar acampamento no local.

Desde outubro, o diretor do parque, Márcio Geroldini, pede apoio à Brigada Militar para impedir atividades predatórias. Apenas oito guardas vigiam os 17.491 hectares do parque.

- Eles entram no mato a qualquer hora, a extensão é muito grande para fiscalizarmos - afirma Geroldini.

Para o diretor, seriam necessários 30 guardas.

(Por Silvana de Castro, Zero Hora, 03/01/2008)


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