Diretor de Abastecimento da estatal afirmou que esse tipo de parcerias não serão aceitas.
O diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, afirmou que a estatal não aceitará parcerias para a produção de etanol que se baseiem em trabalho escravo. “Nos contratos e nos negócios de que a Petrobras vier a participar, para exportação de etanol, essa expressão [trabalho escravo] não entra no nosso dicionário”, disse.
Ele informou que a participação da estatal e da sócia japonesa Mitsui nas usinas deverá ser minoritária, de 20% a 30%. E que em todas as usinas com vendas destinadas principalmente aos mercados do Japão e da Coréia serão adotados critérios modernos de produção: “Não trabalharemos com queimadas, utilizaremos a mecanização para dar uma condição digna e uma remuneração adequada ao trabalhador".
A tendência é mecanizar a plantação e a colheita, como já ocorre em usinas no estado de São Paulo, que concentra 80% da produção de etanol no país. Paulo Roberto Costa reconheceu que a mecanização diminuirá a quantidade de mão-de-obra na produção, mas disse que haverá ganhos para os trabalhadores.
A plantação e a colheita manuais ainda correspondem, no Brasil, a 80% do total, mas segundo o diretor, "no futuro não muito distante, em termos de produtividade e redução de custos, a mecanização é irreversível”.
A redução de mão-de-obra, explicou, é compensada pela qualificação dos trabalhadores. Ele lembrou que a indústria de etanol carece de pessoal para trabalhar nos laboratórios e para operar os equipamentos nas unidades industriais: “Isto significa uma oportunidade de colocar pessoas com qualificação maior e mais adequada em trabalhos mais gratificantes, mais bem remunerados e com uma condição de vida muito melhor."
A Petrobras, explicou o diretor, não possui um projeto de qualificação do trabalho para o etanol. E a fiscalização para coibir práticas de trabalho escravo deverá ser exercida pelos três níveis de governo.
Até a safra 2006/2007, o Brasil era o maior produtor mundial de etanol, mas perdeu a posição para os Estados Unidos, onde a produção se baseia no milho, devido ao grande incentivo à indústria local e à existência de uma forte tributação para o produto importado. O Brasil permanece, entretanto, na liderança das exportações, com 4 bilhões de litros embarcados ao ano. Deste total, a Petrobras respondeu por menos de 10% em 2006.
(Agência Brasil, Jornal NH, 03/01/2008)