A Petrobras vai aprofundar neste ano as pesquisas sobre a produção de etanol de segunda geração. O processo tecnológico está sendo desenvolvido pelo Centro de Pesquisas (Cenpes) da estatal, em parceria com várias universidades, com destaque para a Coordenação de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).
“Será um salto para a produção de etanol no futuro”, analisou o diretor da Área de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, ao lembrar que a produção brasileira foi favorecida pela intenção do governo norte-americano de adicionar cerca de 20% de etanol à gasolina, até 2017. Com isso, os Estados Unidos precisarão de 135 bilhões de litros e a produção mundial atual é de 50 bilhões de litros. No Brasil, que lidera a produção logo atrás dos Estados Unidos, o percentual de adição é de 25%.
Costa informou que o Senado norte-americano trabalha para limitar a produção de etanol a partir do milho, dominante naquele país. “O milho não é a melhor fonte para a produção de etanol, devido ao seu baixo rendimento – o rendimento da cana-de-açúcar, usada no Brasil, é oito vezes superior à energia gasta na produção, enquanto o ganho obtido com o milho, nos Estados Unidos, é de apenas 1,3 vez", disse.
Além disso, acrescentou, como o milho é muito usado na alimentação nos Estados Unidos, o governo americano propõe uma limitação na produção de etanol a partir deste grão em torno de 57 bilhões de litros. Outra quantidade ainda não especificada será obtida por meio da tecnologia de ligno-celulose, que produz etanol com resíduos, no caso a palha da cana, para não ter influência do preço dos alimentos. Esta tecnologia vai ser desenvolvida até 2012.
A importação de etanol de outros país inclui o Brasil com grande potencial fornecedor, segundo Costa. No entanto, observou, o produto brasileiro ainda enfrenta dificuldades para penetrar no mercado norte-americano, devido à tributação que corresponde ao pagamento de US$ 0,54 por litro de etanol.
“É muito pesado”, comentou Costa, ao esclarecer que a tarifa tem o objetivo de proteger o mercado interno nos Estados Unidos. A tendência, acrescentou, é que com o aumento do consumo, essas barreiras tarifárias sejam retiradas.
(Por Alana Gandra, Agência Brasil, 02/01/2007)