Faz apenas mil anos desde que os primeiros seres humanos chegaram à Nova Zelândia, e desde então três quartos das espécies nativas de aves do país desapareceram. O kiwi, ave não-voadora que é o símbolo do país, parecia ser mais um forte candidato à extinção, mas um projeto dedicado a cuidar dos filhotes em sua fase mais vulnerável parece ter chances de resgatá-los desse destino.
Hugh Robertson, chefe do Programa de Recuperação do Kiwi do Departamento de Conservação da Nova Zelândia, estima que existiam 5 milhões de kiwis quando os colonos europeus chegaram ao país da Oceania em 1820. Hoje, restam apenas 75 mil exemplares -- isso contando as cinco espécies diferentes da ave.
"A culpa é dos humanos e dos predadores introduzidos por eles: furões, arminhos, doninhas, cães e gatos", diz Jeremy Maguire, gerente da Reserva Willowbank, que fica próxima à cidade de Christchurch. Duas das espécies de kiwi têm menos de 300 indivíduos cada uma. A situação se tornou tão crítica porque quase não havia mamíferos terrestres na Nova Zelândia antes da chegada dos colonizadores. Sem predadores, os kiwis perderam a capacidade de voar e se adaptaram ao solo, ficando vulneráveis a predadores estrangeiros.
Faro aguçado Os kiwis comem insetos, têm olfato muito aguçado e, por não voarem mais, suas penas lembram mais pêlos do que a plumagem típica das aves. Seus ossos também são maciços, ao contrário dos ossos ocos de muitas aves.
Os adultos pesam pelo menos 1kg e conseguem se defender da maioria dos predadores, mas os filhotes são praticamente indefesos. Calcula-se que apenas 1 em cada 20 kiwis conseguem chegar a um ano de idade. É por isso que o governo neozelandês decidiu recrutar comunidades locais, organizações não-governamentais e empresas para tentar proteger as aves até que elas fiquem menos vulneráveis.
No plano, apelidado de Operação Ovo no Ninho, os ovos são retirados da natureza e incubados em laboratório. Depois, os recém-nascidos são levados a áreas protegidas, muitas das quais em ilhas isoladas onde não há predadores. Ficam lá até completar um ano e depois são levadas para o local onde seus ovos foram achados.
O programa começou em 1994, mas demorou até alcançar a maturidade. O país deve comemorar uma marca significativa no começo de 2008, com o nascimento do milésimo filhote. As aves vivem em casais monogâmicos pela vida toda e é o macho que choca os ovos.
(Globo Online)(
Ambiente Brasil, 01/01/2008)