(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2008-01-02

Empresa com melhor gestão dessas questões será favorecida; construção sustentável dará desconto a incorporador

Em um esforço para atrelar sua imagem à da sustentabilidade, os bancos brasileiros começam a aumentar a oferta de produtos e serviços ligados a questões sociais e ambientais. Além de fundos de investimentos éticos e produtos que revertem recursos para ONGs, as instituições financeiras começam a rever suas políticas de concessão de crédito.

O Itaú parece empenhado: a partir de hoje coloca no mercado sua política de crédito socioambiental, que deverá favorecer empresas com melhor gestão desses aspectos. O banco também lança uma política de descontos na área de financiamento habitacional para estimular construtoras e incorporadoras a adotar os princípios da construção sustentável nos empreendimentos.

No primeiro caso, a política de crédito será um desdobramento dos chamados Princípios do Equador, um compromisso mundial assumido por 42 instituições bancárias, incluindo bancos brasileiros. O documento, voluntário, prevê a avaliação dos riscos socioambientais para todo financiamento de projeto (project finance) com custo de capital superior a US$ 10 milhões. Ou seja, antes de conceder crédito às empresas, os bancos avaliam aspectos como impactos ambientais do empreendimento, geração de empregos e o relacionamento com as comunidades.

"A novidade é que, a partir de agora, será feita a análise desses aspectos para todos os projetos acima de R$ 5 milhões. Esse teto mais baixo vai permitir englobar os projetos de empresas de pequeno e médio porte, que passam a ter de avaliar seus próprios impactos", diz Antonio Matias, vice-presidente do banco Itaú. Na prática, os empreendimentos passam por uma classificação de risco (rating) socioambiental, em que é calculada a magnitude de seus impactos. "Há uma lista de atividades classificadas como proibidas de serem financiadas e outras classificadas como restritas - como indústrias de armamentos - que serão submetidas à análise pelas equipes de gestão de risco socioambiental, independentemente do valor a ser financiado", explica Matias. No prazo de dois anos, a política será estendida aos Banco Itaú Chile S.A., Banco Itaú Uruguay S.A., Banco Itaú Buen Ayre S.A. e Banco Itaú Europa S.A.

O banco parece não temer a perda de potenciais clientes. "Vamos atrair clientes melhores e rentabilizar no longo prazo", observa o vice-presidente. Isso porque as empresas que têm maior controle sobre os aspectos sociais e ambientais que cercam os negócios também tendem a oferecer menores riscos: são menos vulneráveis a fatores externos, como acidentes ambientais e protestos de grupos insatisfeitos. Com isso, os bancos procuram proteger sua própria reputação.

O outro produto que a instituição está lançando, batizado de Construção Socioambiental, será voltado a empresas do setor imobiliário que adotarem padrões de sustentabilidade nas construções, como gestão dos resíduos, uso de energias renováveis, economia de água e matérias-primas e programas de alfabetização no canteiro de obra. As construtoras e incorporadoras que adotarem esses critérios nos empreendimentos terão uma redução de 25% nas tarifas associadas ao financiamento da obra. O mercado de construção civil deverá ser um dos grandes filões para o setor bancário em 2008. O Itaú espera chegar ao fim de 2008 com um carteira de R$ 3,45 bilhões no setor.

DISCURSO

Os novos produtos do Itaú são lançados em um momento em que os bancos perceberam que falar de sustentabilidade dá bom retorno em termos de marketing. O próprio Itaú investiu US$ 200 mil para trazer Al Gore ao País, e bancos como Unibanco e Bradesco recentemente lançaram campanhas publicitárias vultosas cujo tema central é sustentabilidade.

Fora do País, as instituições financeiras de todo o mundo têm sido pressionadas a analisarem os negócios que ajudam a financiar sob a ótica da sustentabilidade. Ao que parece, ainda precisam avançar. O BankTrack, rede internacional de ONGs que monitora o setor financeiro, lançou há duas semanas o relatório Mind the Gap, que avalia os avanços de 45 bancos de todo o mundo nessas questões, incluindo Banco do Brasil, Bradesco e Itaú. Os dois bancos privados tiveram notas parecidas em todos os itens, e ganharam pontos por serem signatários dos Princípios do Equador. O BB se destacou por ter desenvolvido políticas setoriais específicas, como linhas de crédito para agricultura familiar, pesca e manejo florestal.

"Há progressos no desenvolvimento de políticas que incorporem a responsabilidade social e ambiental nas atividades de financiamento e investimento dos bancos, mas esse progresso ainda é lento e desigual. O maior desafio é sair do discurso e implementar políticas setoriais e temáticas específicas", diz Gustavo Pimentel, gerente de Eco-Finanças de Amigos da Terra Amazônia Brasileira, ONG que representa o BankTrack no Brasil.

Para Leo Johnson, da consultoria britânica Sustainable Finance, que já assessorou instituições como ABN Amro, Citigroup e HSBC, ainda há muitos produtos financeiros de pouca eficácia em termos de sustentabilidade, como cartões e seguros com perfil filantrópico. "Se quiserem dar sua contribuição, os bancos precisam realmente pensar qual é o papel do crédito. Se financiam guerras e atividades poluidoras, certamente não poderão ser chamados de sustentáveis", diz Johnson.

(Andrea Vialli, O Estado de São Paulo, 02/01/2008)

 


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -