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biodiesel
2008-01-02

Se irlandeses já estão preocupados com a força do Brasil na produção de carnes, devem se preocupar ainda mais daqui para a frente. O perfil dos produtores brasileiros começa a mudar rapidamente nas principais áreas de produção. Pecuaristas estão descobrindo a produção de grãos, e os produtores de grãos estão adotando a pecuária.

Em alguns casos, além da certificação do gado, os produtores chegam ao requinte de certificar a soja, o milho e o algodão que vão ser usados na ração dos animais. E essa certificação é dada pelos próprios organismos europeus.

Para economizar nos combustíveis, que têm grande peso na composição anual de gastos, os agricultores estão partindo para a produção de biodiesel. Essa produção gera uma série de subprodutos, utilizados na produção de alimentos para animais. Com isso, os produtores agregam a produção de biodiesel às suas propriedades para diminuir os custos e, ao mesmo tempo, começam a verticalizar a produção da fazenda.

O agricultor Cirilo Ferst é o mais recente adepto dessa mudança. Produtor de soja em uma área de 6.000 hectares em Nova Mutum (MT), Ferst já tem financiamento bancário para iniciar seu projeto de confinamento de gado. Em um segundo estágio, parte para a produção de suínos.

O agricultor vai aproveitar as sobras de uma fábrica de biodiesel, capaz de abastecer 10% de seus gastos anuais de 400 mil litros de diesel, além dos subprodutos gerados pelo secador que tem na propriedade. Um projeto mais ousado é o da Vanguarda do Brasil, também de Nova Mutum.

Com 200 mil hectares plantados anualmente com soja, milho, algodão e arroz, a empresa deve confinar 180 mil animais em dois ciclos no próximo ano. A Vanguarda já está na produção de suínos na região.

A empresa, que já tem contratos especiais de venda, tanto para os grãos como para as carnes, o que lhe rende um preço acima do de mercado, parte para a rastreabilidade total. Marlon Buss, vice-presidente da Vanguarda, diz que "a empresa tem um projeto pé no chão".

Terá 20 mil vacas para gerar os bezerros e, além da rastreabilidade dos animais, contará também com soja, milho e algodão certificados --produtos básicos na alimentação do gado. A empresa só produz grãos convencionais.

"A pecuária só se viabilizará com o confinamento", diz Armindo Kichel, da Embrapa Gado de Corte. Segundo ele, vários projetos estão se consolidando nas novas áreas de produção de grãos, como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A integração lavoura-pecuária é essencial para o ganho de produtividade de ambos, pecuaristas e produtores agrícolas, na avaliação de Kichel.

"Todo sojicultor tem terras adequadas para a produção de gado de corte e de leite, mas nem todos os pecuaristas têm terras ideais para a produção de grãos." Mesmo assim, o pecuarista deve fazer uma integração pasto-lavoura nas áreas de melhor qualidade, segundo o pesquisador da Embrapa.

Alta lucratividade

Os resultados são evidentes, segundo Kichel. Os pecuaristas que fazem a integração podem ter lucratividade de até 300%. Já os produtores de grãos que incorporam a pecuária têm ganhos de 100%.

Agricultores e pecuaristas que ainda não optaram por esse sistema desconhecem a tecnologia ou não sabem quanto estão perdendo. Se os agricultores vêem na pecuária uma saída, entre os pecuaristas apenas os mais profissionais estão descobrindo a lavoura, segundo Kichel.

Ele avalia que essa integração deverá elevar em 40% a produção de carne no Brasil nos próximos anos. O avanço da produção de carne em Mato Grosso fica evidente com o interesse das grandes empresas em se instalar na região. A grande escala na produção de alimentos atrai a atenção de Perdigão, Sadia, Bertin e JBS-Friboi, diz Buss.

Juscelino Jankoski, da Rural Consultoria, de Nova Mutum, diz que o confinamento e o semiconfinamento devem crescer, mas por ora se limitam aos produtores que têm infra-estrutura nas fazendas e que processam soja, milho e algodão. A Mutum Agropecuária também acredita na eficiência da integração lavoura e pecuária.

Para aproveitar melhor o rendimento dos dois setores, Locenil Aparecido da Silva diz que a empresa está iniciando um novo projeto de integração.

José Ferreira de Andrade, do departamento comercial da Fazenda Tauá, afirma que a verticalização é fundamental hoje e que as empresas devem aproveitar a matéria-prima para uma industrialização na região.

A Tauá está iniciando um projeto de produção de farinha de soja e de óleo de soja para consumo humano, além de destinar parte desses produtos também para ração animal. A empresa está industrializando também o milho, produzindo amido para exportações para a Europa e a África.

"As exportações são possíveis porque estamos produzindo tudo plenamente adequado às normas internacionais", diz Andrade. Os subprodutos vão atualmente para rações destinadas a suínos e avicultura. Quanto ao confinamento, está no projeto da empresa, mas em dois anos.

(Mauro Zafalon, Folha Online, 01/01/2008)


 


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