O Brasil poderá substituir em breve, em escala industrial, o material importado que é usado no processo de dessalinização de água salobra para o fornecimento de água doce ou potável a comunidades carentes na região do Semi-Árido nordestino.
Para isso, pesquisadores do Laboratório de Referência em Dessalinização (Labdes) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), na Paraíba, desenvolveram um tipo de membrana, feita com fibras ocas, para dessalinizar a água retirada de poços artesianos. O projeto está em fase de consolidação para atingir, em 2008, o patamar de escala industrial.
O grupo de pesquisadores é coordenado pelo professor Kepler França, responsável pelo projeto de substituição do material importado pelo congênere nacional, desenvolvido desde agosto de 2004, em parceria com a Coordenação dos Programas de Pós-graduação de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Ministério de Ciência e Tecnologia.
A pesquisa, segundo dados do CNPq fornecidos a partir de informações do professor Kepler França, "buscou estudos que favorecessem a situação de emergência para uma autonomia nacional, em termos de equipamentos necessários, principalmente no caso das membranas para dessalinizadores".
Kleper França disse, por intermédio do CNPq, que foram estudados critérios "para viabilizar um maior acesso e a redução de custos das soluções técnicas já postas em vigor para o fornecimento de água potável a comunidades inseridas na região do semi-árido brasileiro, em especial no Nordeste".
O processo desenvolvido pelo Labdes, explicou o professor, leva em conta uma tecnologia que possa ser adaptada às condições locais de cada região, tanto econômicas como socioculturais. Nesse caso, acrescenta, "o processo por osmose inversa tem sido o mais viável e utilizado em diversos países, desde o final da década de 1960".
Nessa opção, em que a membrana obtida por meio de fibra oca é o material em fabricação na Paraíba que visa substituir o congênere importado, segundo o professor, os poços são perfurados na região e a água, geralmente salobra e de baixa qualidade, é retirada e submetida ao processo de osmose inversa por membrana.
O processo consiste, fundamentalmente, em pressurizar a água salobra, fazendo-a circular na superfície de membranas seletivas, acomodadas em módulos e que praticamente só deixam passar a água pura. O sal que sobra no processo é recolhido para descarte ou aproveitamento posterior, por exemplo, em tanques de criação de peixes.
(Por Antonio Arrais, Agência Brasil, 29/12/2007)