Ao menos 225 pessoas procuraram atendimento médico em Praia Grande (litoral de São Paulo) depois de sofrerem queimaduras provocadas por águas-vivas, entre quinta-feira (27/12) e o início da noite de sábado (29/12), de acordo com balanço da prefeitura.
O comandante do Salvamar Paulista no litoral sul, capitão Átila Gregório Ribeiro Pereira, afirma que foram registrados casos em praticamente toda a costa de Praia Grande. "O que apareceu foram as caravelas-portuguesas, uma água-viva que bóia, é colorida e chama a atenção. Mas ela transporta tentáculos que chegam a metros de comprimento e são urticantes. A pessoa se aproxima achando que vai ver a bóia e os tentáculos estão ali pela água", afirmou o capitão.
Segundo a administração municipal, os bombeiros informaram que não há necessidade de interdição das praias. Os banhistas, no entanto, devem ficar atentos.
A veterinária Andrea Maranho, do Gremar (Grupo de Resgate e Reabilitação de Animais Marinhos), afirma que as águas-vivas se aproximam da costa no verão com as correntes marinhas. O comandante disse que não são comuns registros de ataques naquela área.
Vítimas
Somente no sábado, das 8h às 18h30, 85 pessoas procuraram atendimento nos prontos-socorros da cidade --uma no PS Samambaia, 21 no Quietude e 63 no Boqueirão.
A prefeitura admite que o número de vítimas pode ser maior porque, depois de atendidos, alguns pacientes, principalmente os mais jovens, se recusam a preencher as fichas. Para evitar que a ardência e dor se prolonguem, os pacientes são atendidos antes de preencher o formulário.
De acordo com a administração municipal, na quinta e na sexta, a maioria dos banhistas queimados estava na região das praias entre Guilhermina e Ocian. Na tarde de ontem, a maioria dos queimados estava na região do Boqueirão e Forte --o que poderia indicar que a correnteza estivesse levando as água-vivas em direção ao litoral norte.
O médico Adriano Bechara, secretário-adjunto de Saúde do Município e diretor técnico do Hospital Municipal, afirmou que mais de 95% dos casos foram considerados sem gravidade, informou a prefeitura. "Porém, mesmo os casos que exigiram aplicação de antialérgico não foram muito graves, pois não foi registrada nenhuma ocorrência de choque anafilático, provocado pela reação do organismo humano à neurotoxina liberada pela água-viva. Essa é a nossa maior preocupação", disse.
Medidas
Em casos de queimaduras, a pessoa não deve esfregar o local atingido, pois pode queimar a mão, nem lavar a região com água doce, que pode romper as células que restaram e espalhar ainda mais o veneno.
"A pessoa deve verificar o local queimado e, se perceber que existem restos [de tentáculos] ali, lavar com água salgada e aplicar vinagre para aliviar a dor. Se sentir algum sintoma de dificuldade respiratória, vômitos ou tontura, deve ir ao pronto-socorro", afirma o comandante do Salvamar Paulista no litoral sul.
(Folha online, 30/12/2007)