São Leopoldo - Depois de longas negociações e sete anos vivendo em uma pequena área do bairro São Miguel, as cerca de 20 famílias de índios caingangues já possuem um novo endereço - 2,5 hectares na Estrada do Quilombo, na Feitoria. Na tarde de quinta houve acerto entre as duas partes que estavam pendentes para a mudança dos indígenas. Já pela manhã, algumas famílias de caingangues haviam ocupado a nova área. Logo cedo, de ônibus, bicicletas ou até mesmo a pé, indígenas seguiram para o novo local, assim como estava acertado entre eles e a Prefeitura. O atraso da mudança teria ocorrido depois que a família proprietária da área da Feitoria precisar apresentar novos documentos em cartório, o que adiou os trâmites.
De acordo com o cacique Darci Rodrigues Fortes, esta foi uma grande conquista de final de ano. "Vínhamos há sete anos sofrendo. Pensamos muito em nossos filhos e em como criá-los. Temos uma cultura e linguagem diferentes e queremos mantê-las. Aqui poderemos educá-los a nossa maneira", disse. "O sentimento que temos hoje é de que a nossa vontade foi realizada depois de muito sacrifício. Agora nos sentimos mais tranqüilos", salientou o vice-cacique Antônio dos Santos.
"A princípio três famílias deveriam se locomover, mas hoje (ontem) decidimos encaminhar cinco. Aqueles que chegaram lá, já começaram a construir os barracos, além de ocuparem a casa que lá já existia", afirmou o vice-cacique. Os outros indígenas se mudarão aos poucos, a partir do dia 10 de janeiro, quando as moradias improvisadas estarão prontas. "Já estamos com um projeto pronto para encaminhar à Prefeitura pedindo para entrarmos no programa de moradias do Município", salientou o cacique.
A Prefeitura apontou os trâmites cartoriais como motivo para o atraso da mudança. Para o secretário municipal de habitação, Elidson Justino da Rosa, o Prefeito queria um ponto final na história que se estende há anos. A dúvida que ocorria ontem à tarde era se a empresa que se dispôs a comprar a propriedade e doá-la para os índios iria efetuar o pagamento do terreno ou se o Prefeito precisaria assinar um decreto de desapropriação. "A prioridade hoje é resolver o problema dos índios e dar a eles um local digno para viver", salientou o secretário. No final da tarde de ontem veio a notícia de que as negociações haviam sido positivas. "A permuta de áreas será feita, assim como estava previsto no projeto que foi encaminhado à Câmara. Os proprietários entraram em entendimento com a empresa", finalizou.
(
Jornal VS, 27/12/2007)