Projetos na área de Candiota somam investimentos de US$ 2,75 biO megaprojeto da MPX, companhia do empresário Eike Batista, chamou a atenção para a retomada do carvão gaúcho.
O investimento bilionário na região de Candiota não é o único a ganhar velocidade, estimulado pelo desequilíbrio previsto entre a oferta e a demanda de energia no Brasil e a crise já instalada nos países vizinhos.
Com carvão a poucos centímetros da superfície, a área é considerada a mais atrativa no Estado. No total, os projetos alcançam US$ 2,75 bilhões, com possibilidade de chegar a US$ 3,6 bilhões caso se concretize a intenção da Tractebel, a maior geradora privada do país, de acrescentar a usina termelétrica Pampa à já garantida Seival. Somados, os empreendimentos detalhados representam 2% da energia consumida no país.
- Chegou o momento do carvão brasileiro. É a segunda maior reserva energética do país, só atrás da hidreletricidade. No Rio Grande do Sul estão 90% das jazidas do Brasil - destaca Fernando Zancan, presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral.
A necessidade de gerar mais energia para um Brasil que cresce, a maior dificuldade de explorar grandes potenciais hídricos, a evolução da tecnologia com geração mais limpa e o preço do mineral no Estado servem de ímã para os investidores, resume Edmundo Fernandes da Silva, coordenador da assessoria técnica da Secretaria de Infra-estrutura e Logística do Estado.
- O carvão gaúcho custa US$ 16 por tonelada, enquanto o importado da África do Sul sai por US$ 60 - compara Fernandes da Silva.
No ritmo do crescimento econômico, o consumo de energia subiu 5,4% de janeiro a novembro deste ano, informou ontem a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao governo federal. Ontem, a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) informou que o Estado registrou às 14h41min de 10 de dezembro recorde na demanda de energia, com 4.697 megawatts.
Mesmo com a diferença de preço, a projeção da MPX para o custo do megawatt produzido no Estado é mais alta (US$ 2.321) do que o do gerado a partir de carvão importado da África ou da Colômbia (US$ 2.035). Fernandes da Silva admite que a diferença intriga o governo gaúcho, que pretende discutir o assunto com a direção da companhia. À frente do Programa Gaúcho de Carvão Mineral, o executivo adianta que outros grandes grupos examinam projetos no Estado:
- Em janeiro, vamos ter algumas surpresas. Há muita gente hoje voltando o interesse para o carvão.
Diante do fracasso de projetos como o da Elétrica Jacuí (Eleja), envolvida no escândalo das usinas que redundou até em prisões, as dúvidas sobre o potencial da geração térmica a carvão no Estado persistem. A velocidade das obras da pioneira, a Fase C da usina Presidente Médici, ajuda a diluir as incertezas. Conforme a Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE), em janeiro 250 trabalhadores já estarão no canteiro de obras - até agosto, devem ser 1,5 mil.
(Por Marta Sfredo,
Zero Hora, 28/12/2007)