A gente bem que avisou: além dos problemas de contaminação genética, ameaças à biodiversidade e demais questões relacionadas à biossegurança, os transgênicos também têm problemas de competitividade frente às variedades convencionais por causa da concentração de mercado. O Greenpeace vem alertando há tempos para esse problema e, apesar das empresas multinacionais de biotecnologia tentarem de todas as formas esconder isso dos agricultores, os fatos falaram mais alto e confirmaram nossas análises.
A Confederação Nacional de Agricultura (CNA) divulgou esta semana que os produtores de soja convencional tiveram este ano maior rentabilidade do que os que plantaram a variedade transgênica. Isso aconteceu por conta da alta de quase 50% no preço do glifosato, principal herbicida usado na cultura geneticamente modificada, e fabricado pela mesma empresa que comercializa as sementes de soja transgênica - a Monsanto.
"Essa é mais uma prova de que a tecnologia dos transgênicos não traz benefícios aos agricultores. Eles ficam presos a poucas empresas. E isso é só o começo do problema de dependência. Se o Brasil aprovar outras variedades transgênicas, a tendência é o problema aumentar, porque há uma concentração de mercado dos produtos transgênicos, com a mesma empresa comercializando tanto a semente como o insumo, no caso o glifosato", afirma Gabriela Vuolo, coordenadora da campanha de Engenharia Genética do Greenpeace.
O glifosato ajuda no controle das ervas daninhas que atacam as plantações de soja e é vendido no Brasil quase que exclusivamente pela Monsanto (a empresa detém cerca de 90% do mercado). E é justamente a Monsanto que vende as sementes de soja transgênica, aptas a receber o glifosato.
Apesar desse problema econômico gerado pelos transgênicos, que afeta a vida de milhares agricultores brasileiros, e de outras questões ligadas à biossegurança dos produtos geneticamente modificados, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) pretende votar no ano que vem a liberação comercial de outras variedades transgênicas, como milho, algodão e arroz. Que os fatos tragam os cientistas da Comissão à razão antes de cometerem tamanha irresponsabilidade.
(
Greenpeace, 20/12/2007)