De janeiro a novembro, expansão alcança 5,4%; no mês passado, bateu em 6,7%Crescimento da economia agrega 1,8 milhão de casas ao sistema elétrico do país; previsão é de aumento de 5,2% no consumo em 2008
Sob impacto do crescimento econômico e o ingresso de novos consumidores ao sistema elétrico do país, o consumo de energia subiu 5,4% de janeiro a novembro deste ano, informou ontem a estatal EPE (Empresa de Pesquisa Energética).
Em novembro, o ritmo de expansão se acelerou e alcançou 6,7%, acima da média do ano.
"Os resultados de novembro consolidam a tendência de recuperação do consumo de energia elétrica observada neste ano", diz relatório da EPE.
Segundo a EPE, porém, o nível de consumo dos domicílios brasileiros não atingiu os registros antes do racionamento de energia em 2001. Ficou em 146 kWh em novembro, ante 178 kWh na média de 2001.
Para 2008, a EPE projeta uma expansão de 5,2% no consumo de energia, apesar de não ter ainda os dados de dezembro. O ritmo, prevê a estatal, se manterá aquecido.
Somente esse acréscimo equivale à energia gerada por uma hidrelétrica de 3.800 MW -ou quatro vezes a demanda de Brasília. Neste ano, o crescimento ficará entre 5,2% e 5,4%.
Por classes de consumo, a comercial foi a que apresentou o maior crescimento: 6,8% no acumulado do ano.
Em novembro, a alta chegou a 7,8% em relação ao mesmo período de 2006.
O resultado está em consonância com o desempenho das vendas do comércio, que acumulam expansão de 9,6% de janeiro a outubro, segundo dados do IBGE.
"Além do notório crescimento da atividade varejista, estimulado naquela época do ano pela proximidade do Natal, o maior movimento de aeroportos e portos e maior ocupação nos hotéis sustentam o consumo de energia elétrica no setor comercial", diz a EPE.
Para o ano que vem, a EPE também espera que o setor comercial continue a liderar a demanda por energia no país.
No acumulado deste ano (janeiro a novembro), o consumo de energia do segmento residencial teve alta de 6,1%.
O dispêndio da indústria aumentou 4,9%. Nesse caso, informa o relatório da EPE, o incremento ocorreu graças ao aumento da demanda doméstica, impulsionada pelo crescimento do emprego e da renda.
Em novembro, o consumo da indústria registrou incremento de 5,8%. Segundo os dados da EPE, o residencial subiu menos: 5,6%.
A indústria se beneficiou da ampliação do uso da capacidade instalada e do próprio crescimento da produção -5,9% no acumulado de janeiro a outubro, de acordo com o relatório.
Novos consumidoresAlém do crescimento econômico e da renda do trabalhador, a expansão do consumo residencial está relacionado ao maior número de domicílios com acesso à energia, de acordo com a EPE.
De janeiro a novembro, o sistema elétrico brasileiro incorporou 1,8 milhão de novos usuários residenciais.
Outro fator que explica a expansão do consumo, diz a EPE, é o crescimento das vendas de eletrodomésticos, como geladeiras (24,6%), lavadoras de roupas (11,9%) e lava-louças (44,8%).
(Pedro Soares,
Folha de São Paulo, 28/12/2007)