O município de Palmeira, na região dos Campos Gerais, receberá a primeira usina de biocombustíveis construída com recursos da Petrobrás no Paraná. A fábrica está estimada em R$ 120 milhões e as obras devem começar no ano que vem. Quando pronta, ela deverá beneficiar 3 mil agricultores familiares da região.
Os detalhes da negociação foram tratados ontem, quando o prefeito da cidade, Altamir Sanson (PSC), recebeu o gerente de biocombustíveis da Petrobrás, José Carlos Miragaya. Sanson garantiu a doação de um terreno de 500 hectares, única contrapartida exigida ao município. A próxima etapa é conseguir a licença ambiental e começar os trabalhos.
“Será o maior investimento da história de Palmeira”, disse o prefeito. A cidade tem 32 mil habitantes e sobrevive principalmente do plantio de fumo. “Temos a nossa chance de trocar de cultura, de deixar para trás um cultivo que está em queda por outro que tem bem mais futuro”, comemora Sanson.
Três municípios próximos a Palmeira brigavam pela indústria – São Mateus do Sul, Irati e Ponta Grossa. A opção ocorreu porque a cidade possui a melhor localização para escoamento da produção – uma ferrovia e a BR-277, modais que ligam o interior do estado ao Porto de Paranaguá. Além disso, ela é considerada um importante pólo de agricultura familiar.
De acordo com Miragaya, a intenção é levar desenvolvimento para vários municípios da área. “É uma região que realmente vai ganhar com a usina, que tem mão-de-obra e está bem próxima ao centro consumidor”, afirmou. O gerente calcula que a construção deve empregar cerca de 400 pessoas e, depois de pronta, a fábrica vai gerar pelo menos outros 150 empregos diretos. “Sem contar as milhares de pessoas envolvidas com o cultivo de oleaginosas no campo.”
A fábrica de Palmeira terá o dobro da capacidade das três primeiras usinas que estão sendo construídas pela Petrobrás no país. As unidades de Candeias (BA), Montes Claros (MG) e Quixadá (CE) devem ficar prontas em novembro deste ano e produzirão, cada uma, 57 milhões de litros de biodiesel por ano. Elas custarão, juntas, R$ 277 milhões.
A fábrica paranaense produzirá 113 milhões de litros por ano. “Palmeira fará parte de uma nova leva de usinas programadas pela Petrobrás, com muito mais capacidade”, explica o deputado federal Angelo Vanhoni (PT), que participou das conversações que definiram a escolha pelo município.
A unidade trabalhará com o processamento de óleo de girassol, soja, mamona, além de gordura animal e reaproveitamento de óleo usado. Além de Palmeira, a Petrobrás estuda a construção de outras 14 unidades no país, que dependem de parcerias com grupos de investidores. As obras devem crescer graças ao Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel.
O plano do governo federal estabelece que a partir de janeiro de 2008 será compulsória a adição de 2% do biodiesel ao diesel convencional. A meta é que a produção do novo combustível chegue a 855 milhões de litros por ano.
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Gazeta do Povo, 28/12/2007)