O consumo de energia teve alta de 6,7% em novembro, comparado ao mesmo mês do ano anterior. O crescimento foi puxado pelo setor comercial, que registrou expansão de 7,8% no mesmo período. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (27/12) na Resenha Mensal do Mercado de Energia Elétrica, editada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME).
No acumulado de janeiro a novembro, o setor comercial registrou crescimento de 6,8%, no consumo de energia, seguido pelo residencial (6,1%) e industrial (4,9%), que obteve o melhor índice desde 2004. Outros fatores que contribuíram para o consumo maior foi a entrada de 1,8 milhão de novos consumidores residenciais e a expansão das vendas de eletrodomésticos.
No segmento comercial, os destaques ficaram com os aeroportos, que registraram 7,7% a mais de passageiros neste ano; ocupação de hotéis, principalmente o turismo de negócios em São Paulo, com mais 4% sobre o ano anterior; e maior movimentação nos portos, reflexo do aumento de 10,8% na corrente de comércio (soma das importações e exportações brasileiras). O desempenho interferiu no aumento no consumo de energia desses setores.
Em relação ao consumo residencial, a região com maior crescimento, de janeiro a novembro, é o Nordeste, com 7,7%. Em segundo lugar, vem a Região Sul, com 7,3%.
Para o diretor de Estudos Econômicos e Energéticos da EPE, Amílcar Guerreiro, os principais motivos que impulsionam a expansão residencial são a retomada do crescimento econômico do país, com geração de emprego e renda das famílias, e o programa do governo federal Luz para Todos, de universalização do acesso de energia, principalmente em áreas rurais.
“O consumo residencial já vem crescendo há alguns anos e tem aumentado o ritmo mais recentemente, estimulado pelo Luz para Todos, que é responsável por cerca de 20% das novas ligações [de energia]”, explicou Guerreiro.
Segundo o MME, o Luz para Todos começou em 2004, com 70 mil novas ligações de luz, passando para 378 mil (2005), 590 mil (2006) e 354 mil até novembro deste ano. A meta é levar energia à casa de 10 milhões de pessoas até 2008.
O boletim da EPE cita dados da Associação Nacional de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), segundo os quais as vendas de lava-louças cresceram 44,8% no primeiro semestre, seguidas pelas de refrigeradores (+24,6%), aspiradores de pó (+17,4%) e lavadoras de roupas (+11,9%).
“O aumento de posse de equipamentos eletrodomésticos é uma indicação clara do aumento de renda e da expansão do crédito”, disse Guerreiro. Segundo ele, a compra de equipamentos como lavadoras de louça e de roupas demonstra busca de conforto e conseqüente aumento de consumo energético, diferentemente da aquisição de refrigeradores, que indica a troca de equipamentos antigos por novos.
Por conta disso, informa o documento, o consumo médio por residência evoluiu de 143 quilowatts-hora em dezembro de 2006 para 146 quilowatts-hora em novembro. Mesmo assim, longe do consumo médio registrado antes do racionamento energético de 2001, também conhecido como “apagão”, que era de 178 quilowatts-hora.
(Por Vladimir Platonow, Agência Brasil, 27/12/2007)