O Atlântico, junto ao litoral do Rio Grande do Sul, apresenta águas mais quentes neste mês. De acordo com a MetSul Meteorologia, medições por satélite estimam uma temperatura superficial do mar entre 23 e 25 graus na costa gaúcha, valor considerado elevado para o mês de dezembro. A tendência natural é que as águas estejam mais quentes em fevereiro e março devido ao aquecimento gradual que se produz ao longo do verão, mas o meteorologistachefe da MetSul, Eugenio Hackbart, ressalta que a temperatura sofre uma variabilidade natural diária. Conforme Hackbart, as correntes marítimas e o vento determinam estas mudanças no comportamento do mar.
O litoral gaúcho sofre tanto a influência da Corrente do Brasil, que vem do norte e traz água quente, assim como da Corrente das Malvinas, que traz águas mais frias e com mais nutrientes, favorecendo a proliferação de algas e a cor mais escura do mar junto à costa. A direção e a intensidade do vento regulam a atuação destas correntes, ora favorecendo águas mais quentes e claras e ora águas mais frias e escuras. Como a tendência é de um verão mais seco, devido à atuação do fenômeno La Niña, haverá uma menor freqüência de passagens de frentes frias e os sistemas que cruzarem pelo Estado tendem a ser mais fracos. O resultado deve ser uma menor freqüência de vento sul, favorecendo uma maior atuação da Corrente do Brasil e, com isso, águas mais quentes e claras na estação.
Hackbart revela uma preocupação. Os anos de 2004, 2005 e 2006, quando o Estado teve um verão mais seco, registraram a ocorrência de ciclones de natureza tropical e subtropical na costa gaúcha. O episódio mais grave se deu em 27 e 28 de março de 2004, ocasião em que o furacão Catarina atingiu os litorais norte gaúcho e sul catarinense. Segundo Hackbart, a estabilidade atmosférica gerada pelo tempo mais seco no Rio Grande do Sul foi decisiva para a formação e intensificação destes sistemas junto ao litoral gaúcho.
Mar frio ainda não apareceu
O mar frio, registrado nos anos anteriores, não apareceu ainda neste verão. Para o oceanólogo do Ceclimar, Centro de Estudos Costeiros Limnológicos e Marinhos da Ufrgs, Luiz Alberto de Souza Pedroso, previsões de que o mar ficará quente durante todo o verão são tão corretas quanto instáveis, pois dependem de uma série de outros fatores. Segundo o oceanólogo, quinzenas com essas características, que acontecem em tempos esparsos, são possíveis devido às condições meteorológicas estarem amenas, sem vento intenso.
Segundo o oceanólogo, períodos com vento sudoeste associado a chuvas, além de interferir na queda da temperatura da água, causam a proliferação de microalgas. “Essa alga, que não é tóxica, deixa o mar com aspecto sujo. Por isso que com o tempo estável, elas não aparecem’’, explica Pedroso.
Mãe e filho aprovam temperatura
Andréia Marques, 37 anos, veio de Canoas para passar as férias com a família em Tramandaí. No roteiro, muito banho de mar e brincadeiras com o filho Nicolas, de 5 anos. “Chegamos no domingo e ficamos até o dia 2 de janeiro.” Ela está achando a água do mar, este ano, mais quente que em outros anos e aprovou a temperatura.
(Jornal NH, 27/12/2007)