Aumento de materiais recicláveis nas ruas garante mais dinheiro para catadores
Novo Hamburgo - As festas de final de ano trouxeram um motivo a mais para o catador de lixo hamburguense Valdemar de Carvalho, 53 anos, comemorar. É que este período propiciou mais matéria-prima para o seu trabalho. Carvalho optou por essa profissão em abril deste ano, segundo ele, por falta de opção no mercado de trabalho no ofício que desempenhava como servente de pedreiro. Agora,
mesmo sabendo que é uma profissão mais desgastante, saindo de casa às 6 horas e chegando ao final do dia, percorrendo muitos quilômetros sob o calor escaldante do verão, catador já conta com um aumento de 20% no volume de materiais recicláveis coletados, somente nos últimos dias.
Segundo o secretário de Meio Ambiente e Planejamento Urbano, não há como apontar ainda um crescimento referente apenas ao período natalino, mas desde que o Município suspendeu o serviço de coleta seletiva e todo o trabalho passou a ser realizado pelas cooperativas informais, o volume coletado pelos catadores de lixo cresceu cerca de três vezes. ‘‘Nós queremos a criação de mais cooperativas de reciclagem. Um dos galpões de triagem está previsto para Canudos, no Marisol, para isso existe a possibilidade de buscar recursos junto ao Fundema (Fundo Municipal de Meio Ambiente).
Acredito que seja necessário cerca de R$ 250 mil para essa criação’’, ressalta. No total, Carvalho coleta cerca de 20 quilos de lixo por dia. Entretanto, o acréscimo ainda é pouco para o orçamento final do catador, já que os produtos têm valores baixos. Para iniciar na atividade, Carvalho teve que fazer um investimento. O catador pagou cerca de 30 reais para comprar um carrinho, onde coleta todo o material a ser vendido. Mas nem tudo é motivo para comemorar. Mesmo encontrando mais materiais pelas ruas, Valdemar reclama que os compradores das empresas de reciclagem também aproveitam a oportunidade para lucrar ainda mais, baixando o preço dos recicláveis, em pelo menos 10% do valor original.
Triagem
Após trabalhar dois turnos percorrendo o bairro de Canudos, coletando plásticos, papelões e principalmente garrafas plásticas de refrigerantes, material que segundo ele dá mais lucro, Valdemar tem mais uma tarefa quando chega em casa, realizar a separação do lixo. No total, o catador chega a ganhar cerca de 30 reais por dia. ‘‘A nossa maior peleja agora é conseguir uma empresa de reciclagem mais próxima da gente’’, conta Carvalho que anda 10 quilômetros por dia para coletar material e mais dois para chegar até a empresa de reciclagem onde vende os produtos.
(Por Marcos Jorge, Jornal NH, 27/12/2007)