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2007-12-27

Megaempresário planeja investir em termelétrica em Candiota

Depois de emplacar duas térmicas a carvão importado no mais recente leilão de energia elétrica, a MPX do empresário Eike Batista deve dar ao minério gaúcho o impulso que faltava. A empresa apresenta a implantação da usina Seival II, no Rio Grande do Sul, um investimento de US$ 1,39 bilhão apenas na termelétrica, como um de seus projetos mais importantes até 2015.

Incluído no prospecto de apresentação para o lançamento de R$ 1,9 bilhão em ações, o projeto de Seival II é considerado "em desenvolvimento" pela MPX. Conforme fontes ligadas à empresa, que não pode dar declarações públicas em decorrência da oferta pública em andamento, em janeiro deve ser definido o cronograma de implantação da usina gaúcha, embora o detalhamento já esteja bastante avançado.

Com capacidade projetada de 600 megawatts (MW), a térmica deve ter duas unidades de 300 MW. A principal questão ainda pendente é o licenciamento ambiental, que caberá ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) porque a usina está projetada para um local situado a cerca de 40 quilômetros da fronteira com o Uruguai. A MPX pretende ser a única investidora no projeto.

Operação deverá ter início em 2014
Conforme os planos da MPX, a térmica deve entrar em operação em 2014. O desequilíbrio entre oferta e demanda de energia é um dos fatores geradores da oportunidade que está transformando Eike Batista num dos mais ousados investidores do setor. Em princípio, a construção de Seival II não está condicionada à venda em leilões, caso das duas usinas da MPX (Pecém e Termomaranhão) que tiveram geração adquirida por um grupo de distribuidoras, porque deverá ser direcionada ao mercado livre de energia. Consumidores com demanda superior a 3 megawatts podem contratar diretamente com os geradores, ao contrário dos clientes cativos das distribuidoras que têm concessão para atuar em determinada região.

A MPX quer produzir no Estado porque já detém 70% da mina de carvão existente no local, em sociedade com a Copelmi. Além dos US$ 1,39 bilhão previstos apenas para a usina, a MPX planeja investir mais US$ 101 milhões no desenvolvimento da mina. Com preços em ascensão no mercado livre e previsão de escassez de energia elétrica, o projeto ganhou velocidade. Um projeto semelhante no Rio de Janeiro, a termelétrica de Porto de Açu, tem previsão de capacidade de 1,4 mil MW, dos quais 1 mil já teriam sido vendidos a consumidores livres.

Conforme o material enviado a potenciais interessados na compra de ações da MPX, a empresa destaca "as vantagens competitivas das nossas térmicas a carvão, considerando a abundância dessa fonte em áreas geopolíticas de baixo risco e a baixa volatilidade do preço do carvão mineral". Embora a maioria dos projetos tenha previsão de parcerias, Seival II e Termomaranhão serão 100% da empresa controlada por Eike Batista. A usina da MPX leva o número 2 no nome porque a térmica Seival já foi vendida pela Copelmi ao grupo Tractebel, que opera o complexo Jorge Lacerda, em Santa Catarina. A Tractebel, do grupo Suez, pagou R$ 24 milhões pelo direito de implantar a térmica de 340 MW, investimento estimado em US$ 850 milhões.

(Por Marta Sfredo, Zero Hora, 27/12/2007)


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