O Ministério da Agricultura (Mapa) começa a definir, hoje (27), os critérios para a escolha dos 300 produtores de bovinos brasileiros que estarão aptos a exportar à União Européia em 2008. A determinação foi imposta pelo bloco no dia 19, e prevê apresentação da lista até o dia 31 de janeiro. Todos os empreendimentos habilitados devem estar certificados como Estabelecimento Rural Aprovado no Sisbov (Eras), motivo que pode levar o RS a ser prejudicado, já que apenas 430 das 318 mil propriedades gaúchas (0,1%) estão com 100% do rebanho rastreado.

A questão irá dificultar a posição do superintendente do Mapa/RS, Francisco Signor, no encontro. Apesar de lutar para incluir o maior número de gaúchos possíveis na lista, apenas 400 mil das 13 milhões de cabeças estão no novo Sisbov. 'Essa é uma situação excludente', salienta. O diretor do DPA da Seapa, Dagoberto Bueno, também debate o tema, hoje, com o secretário de Defesa Sanitária do Mapa, Inácio Kroetz.

Outra preocupação de Signor é quanto à utilização do critério da quantidade, que penalizaria pequenas e médias propriedades. 'São produtores que lidam com genética muito superior. Só que a tendência é que sejam priorizadas os grandes empreendimentos como os do Centro-Oeste', justifica.

O diretor executivo do Sicadergs, Zilmar Moussalle, teme que o RS seja prejudicado na avaliação. 'Não temos o número de propriedades Eras como necessitamos', frisa. A previsão da entidade é fechar 2007 com exportação de 80 mil toneladas de cortes bovinos, dos quais 30% têm como destino a UE.

O responsável pelo Sisbov no Rio Grande do Sul, Roberto Schroder, explica que, a partir do dia 1º de janeiro, todas as propriedades exportadoras terão de ter o certificado Eras. Caso a solicitação seja feita após 31 de dezembro, os animais terão que passar 90 dias dentro da propriedade antes de serem enviados aos frigoríficos com destino ao exterior. 'É como se estivessem sendo incluídos de novo', diz. A partir de 2009, somente serão considerados rastreados os animais que nascerem na propriedade.
 
(Correio do Povo, 27/12/2007)