Os índios que convivem na região sul do Mato Grosso do Sul culpam a convivência em um pequeno espaço de terra pelos atritos existentes entre eles e pelos problemas de saúde. A indígena Teodora de Souza, de Caarapó, avalia que a a falta de espaço físico não dá condições para o povo indígena se auto-sustentar. “Vai gerando problemas de desnutrição, de doenças, violência dentro das comunidades indígenas. A gente sabe que a terra e o espaço são fundamentais para o bem-estar e para a saúde do povo. Então, sem essas condições mínimas, realmente o problema vai se agravando cada vez mais”, afirma.
Ela cobra respeito dos governos e da Justiça pelo que está assegurado na Constituição Federal. “As nossas terras foram tomadas, muitos povos foram dizimados por causa das terras. Hoje estamos vivendo e convivendo nesse pequeno espaço de terra. Então, acredito que deva haver políticas públicas adequadas para atender à necessidade da falta de terra e outras políticas necessárias que vão atender às nossas necessidades e buscar, talvez não solucionar, mas amenizar os problemas existentes nas nossas comunidades”.
O líder indígena guarani Amilton Lopes diz que é preciso fortalecer a união dos índios para retomar as terras tradicionais. “O problema que enfrentamos no Mato Grosso do Sul é que foi tomado nosso território da época de colonização e hoje acordamos para que tomemos de volta essas terras. Somos acusados de invadir as terras dos fazendeiros, mas na verdade estamos reocupando o que foi tomado de nós para deixar a herança para nossos filhos”, diz Lopes.
Manoel Kanunxi, cacique da aldeia Cravari, da etnia Irantxe, do estado do Mato Grosso, diz que os problemas fundiários sentidos pelos guaranis no Mato Grosso do Sul acontecem em todo o país. Segundo ele, 400 famílias vivem em uma reserva de 45 mil hectares na sua aldeia. “Temos outras terras, estamos lutando pelas terras tradicionais, de onde os fazendeiros, madeireiros, seringueiros nos expulsaram”.
(Por Sabrina Craide,
Agência Brasil, 22/12/2007)