O verão iniciado no último sábado (22/12) vai sofrer os efeitos do fenômeno La Niña, provocado pelo resfriamento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico, nas imediações da linha do Equador. A ocorrência será de "intensidade moderada", conforme afirmou nesta segunda-feira (24/12) o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), William Ferreira.
Da unidade de Milho e Sorgo, em Sete Lagoas (MG), onde atua, o pesquisador da Embrapa revelou que até o mês de março o La Niña vai provocar chuvas mais fortes que a média histórica no Norte e no Nordeste. Em contrapartida, a precipitação de chuvas será menor na Região Sul; em especial no Rio Grande do Sul, com prejuízos às culturas agrícolas de verão.
William Ferreira ressaltou que a característica marcante do verão, nos estados do Sudeste e Centro-Oeste, será a "baixa previsibilidade", em razão da maior probabilidade de o La Niña deslocar as frentes frias com mais velocidade. Fenômeno que no seu entender provoca chuvas fortes e concentradas sobre uma mesma área, seguidas por estiagens (veranicos) mais intensos.
O pesquisador da Embrapa destacou também que a temperatura deve aumentar em torno de 1,5 grau neste verão, principalmente numa faixa que nasce no Triângulo Mineiro e se alarga em direção ao Sul. Esse calor mais intenso, associado a veranicos demorados, com maior insolação, prejudica as lavouras em fase de brotação, quando "são mais sensíveis à falta de chuvas".
De acordo com as previsões meteorológicas, a umidade relativa do ar deve cair em regiões da Bahia e de Minas Gerais, mas aumenta nos estados do Norte. William Ferreira acredita, ainda, que o Vale do Jequitinhonha, em Minas, e a região do Mucuri, no Espírito Santo - que fazem parte do Perímetro das Secas - terão chuvas abaixo da média normal dos últimos anos.
(Por Stênio Ribeiro, Agência Brasil, 24/12/2007)