A Comissão de Direitos Humanos pediu na sexta-feira (21/12) ao Ministério da Justiça que a Polícia Federal abra inquérito para investigar a denúncia de que crianças indígenas estavam sendo exploradas sexualmente no Amapá. Apesar de as investigações iniciais terem descartado o crime, a deputada Janete Capiberibe (PSB-AP), que representou a Câmara dos Deputados na averiguação feita no Amapá, defende a continuidade da investigação para descobrir por que a delegada acatou a denúncia.
Para a deputada, a investigação deve prosseguir porque houve uma calúnia contra os índios waianpi. "Não podemos permitir qualquer crime contra crianças e adolescentes, sejam índias, mestiças ou brancas. Mas também não podemos aceitar nenhum tipo de calúnia contra qualquer cidadão ou contra qualquer povo. Por isso, pedimos a investigação da Polícia Federal. Queremos elucidar o que ocorreu e coibir possíveis crimes", reforça a deputada. Ela também quer ações de repressão aos crimes que possam estar ocorrendo no entorno da terra indígena waianpi.
A delegada do município de Serra do Navio, Maria Chaves Picanço, negou na quinta-feira (20/12), em audiência da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Amapá, que tenha feito a denúncia aos deputados estaduais. "Em nenhum momento fiz denúncias a respeito de abuso sexual a crianças indígenas, ou que estas estariam sendo trocadas por drogas". A delegada admitiu, no entanto, que, em uma conversa informal com o deputado estadual Manoel Brasil (PMN), no último dia 14, ter recebido uma ligação anônima denunciando o possível abuso de uma garota indígena.
Surpreso com o recuo da delegada, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia, deputado estadual Camilo Capiberibe (PSB) afirmou que pode ter havido um mal-entendido. "Mas tanto o governo quanto a Assembléia Legislativa foram alertados e, por esta razão, resolvemos apurar a denúncia que, cumpre alertar, não nos chegou como uma informação vaga, tanto é que gerou grande repercussão".
(Agência Câmara, 21/12/2007)