O desmatamento ilegal no cerrado brasileiro existe, mas não há dados confiáveis para estimar a sua dimensão. A afirmação é do coordenador de Políticas Públicas do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), Nilo Dávila. O instituto é um centro de pesquisa e documentação independente sobre o desenvolvimento sustentável, sem fins lucrativos, sediado em Brasília.
O instituto considera um aumento médio da área plantada de cana- de-açúcar de 20% no último ano, nos cinco principais estados produtores do cerrado: São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Dávila explica que a expansão da cana substitui culturas ou pastagens, em muitos casos com migração imediata. Assim o produtor vende sua área para usineiros e compra mais terras ao norte do país, se dirigindo para a Amazônia.
“Se ela [cana] não causar desmatamento no cerrado, provoca migração de atividades tradicionalmente destruidoras de vegetação, como a pecuária.”
A preservação do cerrado, segundo Dávila, passa pela criação de mais unidades de conservação e por ferramentas de identificação e controle do desmatamento da área, que hoje não existem.
“O primeiro passo é saber aonde está acontecendo [o desmatamento], se é legal ou ilegal. O ponto prioritária para a conservação é a imediata implantação do sistema de vigilância via satélite do bioma”.
O pesquisador do ISPN crê que o aumento do preço da soja no mercado internacional fará com que o desmatamento volte a despontar na proximidades de cidades do Centro-Oeste que já se destacam na produção.
(Por Marco Antônio Soalheiro, Agência Brasil, 25/12/2007)