Catadores se aglomeram ao redor dos 21 caminhões que chegam a cada dia ao lixão da Caturrita em uma maratona pela sobrevivência. Apesar de horrível, a cena é comum no local. O fim desse drama humano e ambiental é o presente que o prefeito Valdeci Oliveira considera o maior de todos para dar à cidade nos seus 150 anos.
A medida é cobrada desde 2005 pela Fundação Estadual de Proteção ao Meio Ambiente (Fepam) e pela Justiça, mas só agora parece que será colocada em prática, depois que a prefeitura lançou um edital, no último dia 6.
A empresa que vencer a licitação terá de recolher o lixo e levá-lo a um aterro sanitário licenciado e adequado, que poderá ficar em Santa Maria ou fora daqui. Os envelopes com as propostas devem ser abertos em janeiro e, se tudo correr conforme os planos da prefeitura, em março, o lixão da Caturrita será desativado.
E, aí, haverá outro drama a resolver. Luciana Aparecida Goulart, 36 anos, há quatro anos uma das pessoas que garimpa no lixão, não sabe como será o seu futuro. Estudou pouco, não passou da 3ª série do Ensino Fundamental e as perspectivas de arrumar emprego diminuem. O drama dela é o mesmo dos outros catadores que buscam o alimento de todo dia no lixão.
- Do que eu cato aqui, dependem quatro crianças. O meu marido é biscateiro, e o dinheiro não chega. A minha esperança é ir trabalhar no novo aterro - afirma Luciana.
A contrapartida - Enquanto o presente não chega, a cidade vê surgir um amontoado cada vez maior de lixo. Todos os dias, chegam pelo menos 150 toneladas de resíduos que são minuciosamente separadas pelos garimpeiros e, logo depois, são jogados no ambiente.
- O presente que eu prometo à cidade é retirar do lixo todo o plástico que eu puder. Sei que essa é a minha renda, mas é também uma forma de fazer com que a natureza seja menos castigada - diz Luciana.
(Diário de Santa Maria, 24/12/2007)