O frei Luiz Flávio Cappio garante que, na sua luta pelo Rio São Francisco e pelos pobres, não cabe uma terceira greve de fome. Ele reafirma sua avaliação de que o Judiciário foi subserviente ao governo federal e demonstrou preocupação com o Estado de Direito. “Será que estamos vivendo uma ditadura?”, indagou. “Quando um governo tem do seu lado, à sua mão direita, o domínio do Legislativo, e à sua mão esquerda, o domínio do Judiciário, isso coloca em xeque o Estado de Direito.”
Indagado se temia ter sua imagem usada politicamente, d. Luiz disse que isso já aconteceu. E citou o governador da Bahia, Jacques Wagner. Segundo ele, Wagner se elegeu governador usando sua imagem para conquistar os votos do sertão do São Francisco. Depois, teria ficado indiferente à causa e feito como Pilatos. “Lavou as mãos”, afirmou.
Internado no Memorial Hospital de Petrolina, ele pode ter alta médica ainda neste sábado. Num processo gradativo de reeducação alimentar, seu médico Klaus Finkam afirmou que em sete dias ele deverá estar se alimentando normalmente. O bispo chegou ao hospital desacordado, de ambulância, na noite de quarta-feira - quando desmaiou logo após saber da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que autorizou a retomada das obras de transposição do São Francisco.
Na noite de quinta ele retornou de ambulância a Sobradinho (BA), onde em 27 de novembro iniciou sua greve de fome. Ali participou de festiva missa campal, em clima de emoção. Muitas das 800 pessoas presentes choravam, solidárias ao religioso e felizes por ele estar vivo. O mais provável agora é que ele siga para sua diocese, em Barra (BA), a 700 quilômetros de Petrolina, onde deseja passar o Natal.
(Agência Estado,
Correio Braziliense, 22/12/2007)