Embora os 24 dias de greve de fome do bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, não tenham alcançado o objetivo pretendido, a avaliação feita por movimentos sociais é de que a greve reacendeu os debates em torno da transposição do Rio São Francisco. A informação é do representante da Comissão Pastoral da Terra, Ruben Siqueira.
“Se tomarmos o objetivo principal que era o arquivamento do projeto e a retirada das tropas do Exército, isso não alcançamos, mas em compensação alcançamos muito mais do que poderíamos prever, esse debate, a volta do tema à agenda nacional e a desconfiança que se plantou a respeito desse projeto”, afirmou Siqueira.
A intenção a partir de agora é intensificar a mobilização das organizações da sociedade civil e incentivar o debate sobre o tema a fim de esclarecer a população. “A luta vai continuar principalmente no nível da massificação da informação a respeito desses assuntos, do semi-árido do São Francisco e da transposição.”
Ele afirma ainda que as organizações estão preparando novas ações para recorrer à Justiça na tentativa de paralisar as obras de transposição. Sobre as negociações com o governo, Ruben Siqueira afirma que ainda não há uma posição consolidada, mas avalia ser improvável que os movimentos em torno de dom Luiz Cappio queiram continuar dialogando com o governo.
“Está mais que patente que a disposição de diálogo não é verdadeira”, considerou Ruben. Em carta divulgada na quinta-feira (20), quando comunicou o fim da greve de fome, dom Cappio afirmou que a luta não cessaria ali. “Depois desses 24 dias encerro meu jejum, mas não a minha luta que também é de vocês, que é nossa. Precisamos ampliar o debate, espalhar a informação verdadeira, fazer crescer nossa mobilização. Até derrotarmos este projeto de morte e conquistarmos o verdadeiro desenvolvimento para o semi-árido e o São Francisco.”
(Agência Brasil,
Ambiente Brasil, 22/12/2007)