Quando residentes de uma cidade ao norte da China penduram suas roupas no varal, a fumaça preta vinda de indústrias de ferro e aço geralmente as manda de volta para o tanque de lavar. Muito distante dali, vizinhos da gigante de aço alemã ThyssenKrupp do Vale do Ruhr, na Alemanha, já enfrentaram problemas similares. As camisas engomadas brancas que cidadãos vestiam para missas aos domingos ficavam acinzentadas durante o caminho de volta para a casa.
Os dois vilarejos, localizados em áreas industriais distintas, possuem um laço comum. Ambos compartilharam as mesmas fornalhas, enviadas pelo antigo centro industrial alemão à província de Hebei, nova roupagem chinesa do Vale do Ruhr. A transferência, entre outras doze desde os anos 90, contribuiu para ampliar a produção de aço chinesa, que atualmente ultrapassa os índices combinados da Alemanha, Japão e Estados Unidos.
Indústrias de aço emitem substâncias no ar e absorvem a eletricidade de fábricas de carvão chinesas, cooperando em grande parcela com emissões totais do país de dióxidos de enxofre e carbono. Já a Alemanha, em contraste, estimulou um programa amplo de limpeza ambiental e é atualmente líder na batalha contra o aquecimento global.
Na ânsia para recriar a revolução milionária que se deu no oeste do país, a China absorveu as muitas indústrias responsáveis também pela poluição de tal área. Contando com um forte apoio estatal, companhias chinesas são líderes de produção de aço, coca, alumínio, cimento, materiais químicos, couro, papel e outras utilidades de alto custo ambiental não apenas para o país, como para todo o mundo. Como conseqüência da rápida expansão de suas exportações, a China pode ser considerada atualmente como a mais poluente chaminé global.
“Parece-me que o país está cometendo os mesmos erros do século 19”, afirmou Wilhelm Grote, ambientalista da Alemanha. “O custo das reparações no futuro será muito mais caro do que agir corretamente desde o início.”
Oficiais afirmam estar especialmente preocupados com a demasiada produção que atinge índices de até US$ 1 trilhão em mercadorias. Segundo a Agência Internacional de Energia, sobre o total das emissões de carbono da China, que para alguns especialistas ultrapassa as dos EUA, apenas um terço delas está ligado à produção para consumo estrangeiro. É previsto que a exportação chinesa de aço para a União Européia duplique este ano, em relação ao recorde marcado em 2006.
(Por Joseph Kahn e Mark Landler,
The New York Times, 21/12/2007)