A decisão da administração Bush de negar à Califórnia o direito de regular emissões de gases de veículos explodiu na quarta-feira como granadas em Washington e na Califórnia. Mas isso podia ter sido previsto há semanas. A lei foi prevista em cartas da Casa Branca, declarações de integrantes do Congresso, anúncios públicos de oficiais da indústria automobilística e dicas da Agência de Proteção Ambiental.

Stephen L. Johnson, o administrador ambiental, anunciou a decisão na quarta-feira, no dia que o presidente Bush assinou a primeira grande mudança em padrões de quilometragem dos veículos aprovada pelo Congresso em 32 anos. Johnson disse que a nova lei tornou os padrões propostos da Califórnia desnecessários.

Reagindo a críticas de que a Casa Branca havia ditado a decisão da agência, Bush enfatizou na quinta-feira que a decisão havia sido tomada unicamente por Johnson, um funcionário de 27 anos da agência. Johnson também disse ter decidido sozinho.

A lei respondeu a pedidos de executivos da indústria. Relutantemente, eles aceitaram o padrão de 56 quilômetros por galão até 2020, o centro da lei energética, mas temeram regras mais rígidas sob a proposta da Califórnia. Essas leis exigiriam um padrão de 57 quilômetros até 2016.  Os executivos da indústria automobilística citaram apreensão com as leis da Califórnia em reuniões realizadas em outubro e novembro com o vice-presidente Dick Cheney, outros oficiais da Casa Branca e membros influenciáveis do Congresso.

A Casa Branca, em uma carta enviada na semana passada para legisladores, disse que a lei energética deveria estabelecer um “único padrão nacional regulador” ao invés de permitir que estados como a Califórnia criem suas próprias regras. O senador Carl Levin, democrata de Michigan, aliado de longa data da indústria automobilística, disse em uma declaração que ele iria votar por uma medida de eficiência de combustíveis baseado em garantias que ela não seria “cortada” por leis futuras feitas pela agência ambiental.

A decisão da agência se depara com desafios legais e revisões do Congresso, e um novo presidente pode reverter isso. Mas, pelo menos por enquanto, os fabricantes ganharam algo da administração que eles não poderiam ter obtido do Congresso ou dos tribunais.

Eles bloquearam a Califórnia e outros estados de criar “remendos de leis estaduais”, como Johnson repetidamente chamou, de eficiência de combustível e dióxido de carbono produzido por todo motor de combustão interna. Sob o Ato Ar Limpo, os fabricantes trabalhavam sob padrões separados nos estados para emissões de escapamentos que causam poluição.

(Por John M. Broder e Micheline Maynard, The New York Times, 21/12/2007)