Uma montanha de lixo acumulada na Rua Irmão José Otão, próximo à Rua Tomaz Flores, atrapalha o caminho de quem passa pela calçada já estreitada pelo tapume de uma obra abandonada. Duas moradoras do bairro entraram em contato com o ZH Bom Fim sugerindo uma reportagem sobre o problema.
- Com a quantidade de material colocado ali, os pedestres são obrigados a descer para a rua, o que é muito perigoso devido à velocidade dos carros - escreveu Liane Távora.
Moradora da Tomaz Flores, Therezinha Danni Fuchs conta que registrou um protocolo na prefeitura há alguns meses, mas nada mudou. O lixo é recolhido, ela ressalta, mas catadores e trabalhadores da região descartam resíduos no local novamente, como comprovou a reportagem.
Na tarde de sexta-feira, dia 14 de dezembro, depois de um caminhão ter recolhido resíduos em frente à obra inacabada pela manhã, já havia lixo acumulado no local. Em menos de 15 minutos no local, a reportagem flagrou dois catadores descartando resíduos no ponto e remexendo nos sacos, espalhando mais sujeira. Mas o mau exemplo também parte de trabalhadores da Tomaz Flores. Dono de uma marcenaria, Rodrigo Funchal admite que já descartou lixo no local e, às vezes, dá uns trocados para catadores fazerem o serviço. Ele tenta se justificar:
- Faço isso porque o DMLU (Departamento Municipal de Limpeza Urbana) não recolhe os pedaços de madeira, caliça e materiais que deixamos em frente a nossos estabelecimentos. Se a gente larga ali (na José Otão), como tem todo tipo de lixo, o caminhão leva. Não vou pagar para um desses telentulhos levar meu lixo a toda hora.
Segundo a assessoria do DMLU, é isso que Funchal e outros comerciantes devem fazer: pagar para que o órgão municipal ou serviços particulares recolham resíduos comerciais acima de 100 litros ou do tipo especial, como classificam caliça, podas de árvores e entulhos (veja o serviço).
Dono da banca de revista do outro lado da José Otão, José Carlos Polita testemunha o descuido de moradores:
- Vejo freqüentemente gente que mora aqui largando seu lixo ali na calçada. Não sei como e quando o problema começou, mas a obra parada pode ter sido um pretexto.
O problema é antigo, mas trocou de endereço há cerca de três anos. Antes, o foco de lixo era uma árvore na esquina oposta da obra abandonada. Quem conta essa história é Fabiana dos Santos, dona de uma banca de cachorro-quente no local. Confira:
Contraponto
O que diz o DMLU, por meio de sua assessoria
O problema no local se trata de um "foco" crônico, que é limpo três vezes ao dia, mas, assim mesmo, sempre tem sujeira. Os moradores não separam o lixo seco do orgânico e não obedecem as orientações do DMLU sobre horários. Catadores informais ficam em atividade no local o dia todo. Alguns moradores que perdem a passagem do caminhão também foram flagrados somando os seus sacos à sujeira dos catadores. Há alguns meses, o DMLU tentou fazer um trabalho de conscientização no entorno, mas não teve sucesso. A instalação da placa é viável, mas, pela nossa experiência, não garante que os moradores irão respeitá-la sem fiscalização.
O que dizem os moradores
"Cheguei há 10 anos aqui. No pé da árvore na esquina da Irmão José Otão com a Tomaz Flores, sempre tinha muito lixo. Eu pedia para as pessoas que chegavam com sacos para não deixarem, mas a maioria me ignorava. Fui até ameaçada por um morador de rua com uma faca. De tanto eu bater o pé, o DMLU colocou uma placa onde se lia proibido colocar lixo. A placa foi retirada três vezes. Demorou três anos, mas as pessoas aprenderam. Ainda colocam alguma coisa, mas nem se compara ao que era antes. Pena que o problema passou para o outro lado da rua."
(Zero Hora, 21/12/2007)