A China está satisfeita com o fato de um projeto de acordo sobre o clima firmado em Bali, na semana passada, ter levado os EUA para a mesa de negociações, mas a superpotência do mundo precisa esforçar-se mais no combate ao aquecimento global, disse uma importante autoridade chinesa na quinta-feira (20/12).
Yu Qingtai, embaixador da China nas negociações sobre as mudanças climáticas, afirmou que o país ficou contente com o plano selado a duras penas, depois de duas semanas de negociações prorrogadas em um dia, no qual se viram lágrimas, vaias e vários momentos em que os delegados levantaram-se para aplaudir.
Quase 200 países acertaram o lançamento de negociações para elaborar um novo pacto de combate ao aquecimento global depois de os EUA terem mudado de postura no último minuto, permitindo um acordo. O pacto é importante porque envolveu países que, atualmente, não possuem metas compulsórias de corte nas emissões de gases do efeito estufa, afirmou Yu.
Mas, segundo a autoridade, os EUA ainda poderiam fazer mais. "Os EUA contribuem de forma destacada para as emissões, tanto em termos totais quando em termos per capita. E o país possui tecnologia avançada e bastante dinheiro", afirmou. "Então, quanto às mudanças climáticas, os norte-americanos deveriam desempenhar um papel mais positivo e mais construtivo."
Segundo a China, os países ricos deveriam assumir a maior parte do fardo por enfrentar o aquecimento da Terra no curto prazo devido a sua responsabilidade histórica como causadores do problema. Os países em desenvolvimento querem receber mais ajuda na forma de tecnologia e dinheiro a fim de adaptarem-se a um mundo mais quente. E, na opinião de Yu, as nações mais pobres, que mal conseguem alimentar sua população, não deveriam ser obrigadas a pagar pelas tecnologias que limitam a emissão de gases.
A China, cuja economia cresce em alta velocidade, não se encaixa nesse grupo. Neste ano, o país deve superar os EUA na qualidade de maior emissor de gás carbônico no mundo. Yu afirmou à Reuters, antes da conferência de Bali, que o país está disposto a esforçar-se mais em troca de ajuda do Ocidente na forma de tecnologia capaz de reduzir as emissões.
(Estadão Online,
Ambiente Brasil, 21/12/2007)