A participação da Petrobras no campo de Carabobo, na Venezuela, será de, no máximo, 10% do empreendimento. A participação poderá inclusive ser zero, caso a empresa não considere o acordo satisfatório para viabilizar economicamente a parceria entre a empresa brasileira e a estatal venezuelana PDVSA, afirmou o diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró.
Inicialmente, a intenção da Petrobras era participar com 40% na estrutura da empresa a ser criada para explorar o petróleo de Carabobo, com 60% de participação da PDVSA. A proporção seria inversa ao percentual da PDVSA na refinaria Abreu Lima, em Pernambuco.
Na parceria entre as duas companhias, acertada na semana passada, a Petrobras ficou com 60% de participação na refinaria e a PDVSA com 40%. O contrato prevê que a unidade, hoje em fase de construção, processará cerca de 200 mil barris de óleo pesado por dia – 100 mil do campo de Carabobo e outros 100 mil de Marlim Sul, na Bacia de Campos.
Em conversa com jornalistas na noite de quarta-feira (19/12), durante jantar em que a diretoria da Petrobras apresentou balanço das atividades em 2007 e projeções para 2008, Cerveró descartou que a redução da participação da estatal brasileira no campo venezuelano tenha a ver com questões políticas.
“A questão é puramente financeira: o óleo do campo de Carabobo é um óleo extremamente pesado. Daí que o óleo do campo venezuelano tem que ser pré-refinado antes de sua colocação no mercado. Isso torna o investimento muito caro”, explicou Cerveró.
Cerveró ressaltou ainda que a Petrobras tem investimentos mais atrativos em outros países, que permitem a extração a custo menor. “Nossa participação poderá chegar a 10%, mas também poderá ser zero”, admitiu o diretor.
Para o desenvolvimento do projeto de Carabobo, segundo Cerveró, serão necessários investimentos de US$ 10 bilhões a US$ 12 bilhões. “É um investimento muito grande, pois a Petrobras, ficando com os 10%, por exemplo, teria que desembolsar cerca de US$ 1,2 bilhão. Temos projetos em outras partes do mundo mais viáveis economicamente”, ressaltou.
O diretor da Petrobras esclareceu, ainda, que mesmo não participando do empreendimento venezuelano, a estatal brasileira tem, por contrato, a garantia de fornecimento dos 100 mil barris por dia a serem refinados em Pernambuco. “Uma coisa não tem nada a ver com a outra e o óleo [para a refinaria Abreu Lima] está garantido”, afirmou.
O diretor informou ainda que a Petrobras e a empresa francesa Total assinarão nesta sexta (21/12) protocolo de intenções para estudar uma parceria na exploração de xisto (tipo de rocha) no Marrocos e na Jordânia. “Somos o único país a dominar está tecnologia de retirar óleo do xisto. Fazemos isto há cerca de 50 anos e produzimos hoje, em uma área no Paraná, cerca de 5 mil barris diários de petróleo a partir do xisto”, informou Cerveró.
(Por Nielmar de Oliveira, Agência Brasil, 20/12/2007)