O governo reforçará a divulgação das obras de transposição do Rio São Francisco e intensificará o debate com a sociedade em torno do assunto, afirmou nesta quinta-feira (20/12) o chefe de Gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Ele esteve no Palácio da Alvorada para comunicar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o fim da greve de fome do bispo de Barra (BA), dom Luiz Cappio.
Apesar do fim da greve, Carvalho informou que o governo continuará a manter diálogo com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Segundo ele, o governo está disposto a discutir seis dos oito pontos apresentados por dom Cappio em documento.
Esses seis pontos, avalia Carvalho, são complementares ao projeto do desvio de parte de água do São Francisco. Entre propostas que o governo pode aceitar, estão a execução de 530 obras propostas pela Agência Nacional de Águas (ANA) para reduzir a escassez de água no interior nordestino e a elaboração de um plano socioambiental de desenvolvimento para o semi-árido.
O chefe de Gabinete da Presidência, no entanto, reafirmou que o governo está irredutível em relação aos outros dois pontos do documento do bispo: a paralisação das obras de transposição e a redução de 28 para 9 metros cúbicos por segundo do volume de água desviado para o oeste de Pernambuco e a Paraíba.
Segundo Carvalho, a greve de fome serviu como aprendizado para o governo. “Precisamos divulgar mais o que estamos fazendo no São Francisco”, ressaltou. “Também devemos dialogar mais com as forças sociais que, muitas vezes mal informadas, embarcam em algumas mistificações e se colocam contra a transposição.”
Carvalho disse ainda que o governo esteve tranqüilo durante os 24 dias da greve de fome do bispo. “Desde o início da greve,o governo manteve contato diário com CNBB e nenhuma vez tentou encontrar saída política para a questão”, ressaltou.
De acordo com Carvalho, as obras serão retomadas em 7 de janeiro, com o fim do recesso do Exército. Ele defendeu a necessidade de desviar parte da água do Rio São Francisco para o abastecimento do semi-árido nordestino. “Temos pressa e um compromisso com o povo que precisa dessa água. Essa obra, de fato, será muito humanitária e terá grande importância para a região”, argumentou.
(Por Ana Paula Marra, Agência Brasil, 20/12/2007)