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extinção de espécies
2007-12-21
O salmão rosado da costa oeste do Canadá se extinguirá em quatro anos, devido a infecções provocadas por parasitas originados pela criação artificial desta espécie ictícola em mar aberto, informou a revista científica Science. Os funcionários canadenses deixarão que desapareçam, pois as omissões que os caracterizaram no passado assim o indicam, disse à IPS Alexandra Morton, co-autora do estudo.

O artigo da Science revela que as infecções com piolhos do mar mataram mais de 80% dos salmões rosados nascidos em cada temporada no arquipélago Brouthton, jurisdição da província de Colúmbia Britânica, 300 quilômetros ao norte de Vancouver, nos últimos quatro anos. Até 2012, terão desaparecido, se a praga persistir. Estudos anteriores haviam demonstrado que os piolhos do mar procedentes dos viveiros marinhos podiam matar os salmões silvestres jovens, mas esta é a primeira pesquisa que examina os efeitos na população em geral desta espécie.

O biólogo Ray Hilbron, da Universidade de Washington, disse que o informe demonstra “de maneira convincente” que a população de salmões afetados pelas atividades de produção artificial “está declinando rapidamente”. O artigo da Science também apresenta sérias dúvidas sobre propostas para desenvolver a criação artificial de outras espécies em grande escala, como bacalhau e linguado, em mar aberto, e sobre o potencial que esta atividade tem de transferir agentes patogênicos que afetam a população de peixes silvestres.

Apesar de numerosos estudos, o impacto de mais de cem criadouros artificiais de salmão ao longo da costa da Colúmbia Britânica foi motivo de uma dura disputa durante a última década. A região é a quarta produtora mundial de salmão em viveiro, atividade que gera US$ 300 milhões com exportações, principalmente para os Estados Unidos. Os peixes criados artificialmente não são uma espécie autóctone, mas salmões do Atlântico, mais propensos a se infectarem com os piolhos do mar, pequenos parasitas que se alimentam da pele e das membranas mucosas. Não são encontrados em grande número, a não ser em criadouros.

Os salmões rosados adultos do Pacífico vivem em mar aberto, mas todos os anos nadam para os numerosos rios de montanha e riachos da Colúmbia Britânica para desovar na primavera, antes de morrer. Logo ao nascer, os pequenos salmões, que medem uns poucos centímetros, percorrem o caminho inverso para o oceano e se encontram com os criadouros, onde há piolhos do mar em grande quantidade. “Parte o coração ver como estes pequenos e assombrosos peixes são destroçados pelos piolhos do mar”, disse Morton, que vive e trabalha no Arquipélago Brouthton, onde 20 grandes criadouros abrigam mais de um milhão de exemplares. “Os salmões rosados são uma das últimas fontes abundantes de alimento natural. Devemos tratá-los como um tesouro”, acrescentou.

Também têm um papel importante no ecossistema da costa oeste. Após viver dois anos no oceano, retornam aos rios onde nasceram para depositar seus ovos e morrer. Muitas espécies, entre elas águias, ursos e raposas, se alimentam dos salmões. Também levam para a floresta os restos dos pescados, que ao se decomporem enriquecem o solo. Nutrientes originados em salmões foram encontrados em folhas de árvores de dois mil anos. Apesar de os piolhos do mar dizimarem os peixes silvestres em 2001, os proprietários dos criadouros convenceram as autoridades a deixarem de lado uma proibição de construir novos viveiros em mar aberto.

A indústria já tem planos para expandir até a área virgem do rio Skeena, disse Morton. A Associação de Criadores de Salmões pôs em dúvida as descobertas do estudo da Science, sugerindo que a queda no número de exemplares é uma flutuação normal na população, que também ocorria antes da instalação dos viveiros em 1987. Esta organização empresarial disse que utilizam um efetivo pesticida para controlar os piolhos do mar e que especialistas designados pelo governo encontraram menos de três desses parasitas para cada salmão adulto.

Morton, entretanto, destacou que é preciso apenas um para matar um salmão rosado jovem, já que ainda não possui escamas. Cada piolho do mar fêmea pode depositar no mar um bilhão de larvas, acrescentou. Também questionou o uso de pesticidas devido ao seu potencial impacto no ecossistema marinho. A solução seria a criação em um sistema fechado, o que permitiria à indústria dispor de seus dejetos sem jogá-los no mar. Após anos ignorando o problema, um informe do governo provincial de Colúmbia Britânica recomendou em maio de 2007 que essa mudança ocorra no prazo de cinco anos.

“Se a indústria argumenta que é muito caro, o que está dizendo, na realidade, é que o ecossistema deve continuar pagando o preço”, afirmou Daniel Pauly, diretor do Centro de Psicultura da Universidade de Colúmbia Britânica. Morton, por sua vez, acredita que provavelmente o público tenha que deixar de consumir salmão criado artificialmente e eleger nas eleições locais candidatos comprometidos com a missão de impedir a extinção das espécies silvestres. “É triste que precisemos ir tão longe’, afirmou.

(Por Stephen Leahy, IPS, 20/12/2007)


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