Associação Terra de Araucária foi criada em maio de 2006 e já promoveu várias atividades
Boqueirão do Leão - Em 16 de fevereiro de 2006 o Senado Federal aprovou projeto de lei que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, entre as quais a araucária, conhecida como pinheiro brasileiro. Pouco mais de dois meses depois, em 30 de maio, surgiu no município a Associação Terra de Araucária, criada com o objetivo específico de evitar a derrubada dessas árvores em extinção.
Seu presidente, Guido Lopes da Rosa, explica que a organização não-governamental atua nas regiões dos vales do Taquari e Rio Pardo, onde existe um grande número da espécie nativa. Em apenas uma propriedade, calcula, são mais de um milhão de pés. Da mesma forma a ONG busca a conscientização da população sobre a importância de proteger o meio ambiente. Também denuncia irregularidades e cobra dos órgãos competentes providências.
A preocupação de Rosa é com o desaparecimento do pinheiro brasileiro, uma das tantas espécies ameaçadas de extinção. Graça à ação da ONG ocorreram algumas ações compensatórias, em que proprietários de áreas consideradas imunes a corte que desrespeitaram as determinações tiveram de replantar. A lei também prevê pesadas multas e até detenção para quem corta e compra madeira, mas não é essa a intenção da organização.
A idéia, antes de mais nada, é conscientizar os produtores rurais da ameaça que representam a derrubada indiscriminada da mata nativa, a poluição dos mananciais e o manejo irregular do solo, por exemplo. Tanto é que tem investido no cultivo de hortaliças sem o uso de agrotóxicos. Sua lavoura ecológica está situada ao lado da praça central da cidade, numa área de dois hectares. Os produtos - mais de 50 variedades - são utilizados para abastecer o restaurante do hotel de sua propriedade. A intenção é mostrar que é possível cultivar sem agredir a natureza.
Mas infelizmente não é assim que funciona. O presidente da ONG observa que ainda ocorrem cortes ilegais na região. Muitas vezes precisa acionar o Departamento de Florestas e Áreas Protegidas da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Defap/Sema) ou o Grupo de Policiamento Ambiental (GPA).
O rigor da lei
A legislação ambiental tem sido implacável no combate à depredação da mata nativa. No caso da araucária, o responsável pelo escritório do Defap em Lajeado, Milton Stacke, explica que a espécie é uma das tantas protegidas pelo Código Florestal do Estado e demais resoluções e ordens baixadas pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Como a legislação específica não está regulamentada, a posição do Defap é pela liberação para corte somente de árvores isoladas da mata ou se estiver caída, morta ou ser comprovadamente plantada, fora do período de abril a julho, que é época de semente. O controle é rígido, segundo ele, assim como a aplicação de sanções para quem desrespeita a legislação. Além de civil e administrativamente, o infrator responde também criminalmente, podendo ser detido por um a três anos. Stacke explica também que a região de Boqueirão do Leão se caracteriza pela mata de araucária com várias outras espécies nativas, todas imunes ao corte.
Preservação
A Associação Terra Araucária também luta para criar uma área de preservação em Boqueirão do Leão. Trata-se de uma propriedade situada na localidade de Sete Léguas, com área aproximada de 600 hectares. Acredita que lá existam cerca de um milhão de pinheiros. "Buscamos o apoio da iniciativa privada." De qualquer forma é possível buscar auxílio do Ministério do Meio Ambiente em parceria com estados e municípios.
(O Informativo do Vale, 20/12/2007)