Mais cinco empresas do agronegócio entraram para a lista do trabalho análogo à escravidão no Brasil. Elas atuam em carros-chefes do campo: álcool e açúcar, lácteos, carne bovina e o setor madeireiro.
Laticínios Morrinhos (GO), Agroserra (MA), Itamarati Indústria de Compensados (PR), Laminados e Compensados Santa Catarina (SC) e Agropecuária Roncador (MT) foram flagradas pelo grupo-móvel de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego. Estão entre 189 nomes da "lista suja" divulgada anteontem em Brasília.
Em relação ao último relatório, houve um acréscimo de 14 empresas jurídicas e pessoas físicas à lista. Dentre eles estão dois fazendeiros, que continuaram no cadastro devido à reincidência do crime.
" O nome da empresa fica por dois anos no cadastro do ministério. Ela só sai se não tiver reincidência, nem débito trabalhista ou com o ministério (multas)", disse Marcelo Campos, coordenador nacional do grupo-móvel do ministério.
A "lista suja" é atualizada a cada seis meses. Após a sua publicação, a empresa fica proibida de levantar recursos junto aos bancos.
Segundo o Valor apurou, a Agroserra, localizada em São Raimundo das Magabeiras (MA), tem entre seus clientes pesos-pesados como Esso, Petrobras, Ipiranga e Bunge. Ela teve 652 trabalhadores resgatados em condições análogas à escravidão em 2005. "São todas signatárias do Pacto pela Erradicação do Trabalho Escravo e deveriam parar de comprar dessa empresa imediatamente", diz uma fonte sob condição de anonimato. A Agropecuária Roncador, em Querência (MT), tem como cliente a JBS, controladora da Friboi, maior frigorífico do mundo.
Desde 1995, mais de 26 mil trabalhadores foram resgatados de situações análogas à escravidão pelos grupos de fiscalização.
(Por Bettina Barros,
Valor Econômico, 19/12/2007)