A servidora da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) no Amazonas e membro da Comissão dos Servidores Públicos Federais no Estado, Edileuda Freire, alertou que os índios que ocuparam por 16 dias o prédio do órgão em Manaus ameaçam invadir novamente o local. De acordo com Edileuda, a situação coloca os funcionários sob forte pressão, alterando a rotina de trabalho. Os servidores se reuniram na terça-feira (18/12) para discutir a situação.
"Estamos sem condições de trabalhar diante dessa forte pressão de possíveis ocupações do prédio pelos indígenas. Vamos fazer um documento após essa reunião e enviar às autoridades competentes para resolvermos esse mal-estar. A gente não se opõe às manifestações indígenas. O que não concordamos é com a maneira violenta e agressiva como estão sendo praticadas. Se for o caso, nós também estamos dispostos a paralisar as atividades em todo estado", afirmou a servidora.
O indígena Enos Munduruku, uma das lideranças responsáveis pela ocupação, confirmou a possibilidade de nova invasão, caso o acordo feito entre eles e a direção da Funasa em Brasília não seja cumprido.
"A gente entende que a responsabilidade dessa questão não é dos funcionários, mas sim da direção da Funasa. Estamos tentando dialogar para que isso [a invasão] não aconteça", disse o indígena.
O atual coordenador da Funasa no estado, Narciso Barbosa, admitiu que a situação é delicada, mas que todos os aspectos serão considerados para a resolução do problema.
"Eu assumi essa coordenação diante de uma situação extremamento delicada e praticamente no fim do ano. Ainda assim, estou tomando pé de tudo a fim de resolver os problemas. Não posso agir de forma precipitada e incoerente. Além disso, temos que definir as linhas de atuação para 2008, para que possamos realmente ter ações concretas e objetivas e resolver problemas sérios, como também o da situação do Vale do Javari, onde o grande número de casos de hepatite e malária prejudicam a saúde indígena", afirmou.
A reunião em Manaus também contou com a participação do diretor do Departamento de Saúde Indígena da Funasa, Wanderley Guenka, e da direção do Sindicato dos Servidores Públicos Federais do estado (Sindsep/AM).
Segundo a assessoria de comunicação da Funasa, representantes do Ministério Público e da Polícia Federal também foram convidados, mas não compareceram.
Na tarde de terça (18/12), cerca de 70 indígenas se reuniram com Narciso Barbosa e o secretário de Saúde do Amazonas, Wilson Alecrim, para reivindicar, novamente, a exoneração da atual chefe do Distrito Sanitário Especial Indígena de Manaus (Dsei), Maurasina Sabóia, e a nomeação de um indígena para a função.
Após quatro horas de conversa, ficou acertado que será encaminhado à direção da Funasa a proposta para substituição do cargo e a indicação do indígena Isael Munduruku.
(Por Amanda Mota, Agência Brasil, 19/12/2007)