O ano de 2007 iniciou alarmista, com o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) apontando a ação humana como muito provavelmente a principal responsável pelo aquecimento global nos últimos 50 anos. As previsões de que as temperaturas globais poderiam subir de 1,8ºC a 4ºC e o nível do mar consequentemente se elevar em até 58 cm ainda neste século, fizeram com que o tema permanecesse em destaque na mídia durante todo o ano.
Outros três relatórios foram publicados durante o ano, indicando as principais conseqüências das mudanças climáticas para o planeta e as ações que precisam ser tomadas para controlar o problema. O IPCC apresentou um cenário em que um terço das espécies do planeta estão ameaçadas e que as populações estão mais vulneráveis a doenças e destruição, sendo que as nações pobres serão as mais atingidas.
O grupo sugere que os países possam diminuir os efeitos maléficos do aquecimento global estabilizando as emissões de carbono em um patamar razoável até 2030 – isso custaria 3% do PIB mundial.
Os alertas do IPCC foram a principal bandeira do ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore. Com o seu livro e filme “Uma verdade inconveniente”, Al Gore rodou o mundo buscando criar uma consciência global sobre as medidas que devem ser adotadas para se lidar com as mudanças climáticas. Como resultado desse esforço, Gore recebeu, juntamente com o IPCC, o Prêmio Nobel da Paz 2007.
O ano seguiu marcado pelas discussões em torno das obrigações dos países para reduzir o nível de emissões dos gases do efeito estufa. Desde 2005, quando foi ratificado o Protocolo de Kyoto, cerca de 35 nações desenvolvidas aceitaram metas obrigatórias de redução. Os Estados Unidos, maior emissor mundial de CO2 até então, continua se recusando a estipular cortes compulsórios, o que vem aumentando a antipatia pelo país na comunidade internacional.
Em 2007, no entanto, um relatório alemão, apontou que as emissões chinesas teriam pela primeira vez na história ultrapassado as americanas. O recorde da China aqueceu o debate sobre a necessidade de as grandes economias em desenvolvimento, como China, Índia e Brasil, também adotarem metas de redução de emissões em um novo acordo pós-Kyoto previsto para depois de 2012.
O ano termina sem consenso sobre esse assunto. Em dezembro, representantes de 187 países estiveram reunidos em Bali para definir as bases do novo tratado. A Conferência do Clima terminou com a adesão da Austrália (um dos maiores emissores mundiais de CO2, principalmente devido às fontes energéticas sujas baseadas no carvão) ao Protocolo de Kyoto.
Os Estados Unidos avançaram ao aceitar o documento que traça o “mapa do caminho”, que deve ser seguido até 2009, quando se definirá o novo acordo para substituir o Protocolo de Kyoto.
Para representantes da União Européia, onde estão os países com as iniciativas mais avançadas no combate ao aquecimento global, esses próximos dois anos serão a parte mais difícil para o acordo do clima. O “mapa do caminho” saiu de Bali sem a definição de metas de redução de emissões para os países – o que deve ser acordado até 2009, quando se realiza uma nova conferencia do clima, na Dinamarca.
(Por Sabrina Domingos,
Carbono Brasil, 19/12/2007)