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emissões de co2 ipcc cop/unfccc
2007-12-19
Baseado na obra do cientista e escritor australiano, Tim Flannery, professor de Harvard e autor de uma dezena de livros, lançado este ano no Brasil, pela editora Record.

Os debates sobre as mudanças climáticas foram boicotados, desvirtuados e negligenciados nos últimos 20 anos, o que inclui Rio-92, em campanhas publicitárias das indústrias de carvão, petróleo, química, montadoras e afins. Como o Protocolo de Montreal, para reduzir emissões de enxofre nos países industrializados, saiu do papel, no ano de 1980 os senhores do clima ficaram preocupados. Teriam que reduzir, na sequência, as emissões de gás carbônico, porque desde a década de 1970 os cientistas estão alertando sobre o efeito estufa provocado por determinados gases. Quem começou a guerra de propaganda foi a indústria de carvão mineral, o combustível fóssil mais usado na produção de energia por países como Estados Unidos, Austrália (maior exportador), China, além dos europeus.

Uma tonelada de carvão mineral queimado gera 3,7 toneladas de gás carbônico na atmosfera. Foi um “gênio” chamado Fred Palmer, na época diretor da Western Fuels, e hoje vice - presidente da maior produtora de carvão do mundo (Peabody Energy), que lançou a idéia: o planeta é carente de dióxido de carbono (CO2), precisamos aumentar a quantidade na atmosfera, poderemos chegar a 1000 ppm (atualmente é de 385 ppm) e teremos então um verão eterno e haverá fartura nas colheitas. Gastaram 250 mil dólares num vídeo chamado “The greening of Planeth Earth”, ou seja, o verde tomará conta do planeta. Embora ridículos e falsos os argumentos de Palmer, o vídeo causou grande admiração na Casa Branca, onde estava George Bush, o pai.

Manipulação
Seu chefe de gabinete, John Sununu era o fã número um do vídeo, e o secretário de energia, James Watkins, usava como fonte oficial de informações. É claro, a indústria do carvão doou 20 milhões de dólares à causa republicana nos Estados Unidos, depois mais outros 21 milhões de dólares para garantir acesso sem paralelos ao vice-presidente Dick Cheney, coordenador de um comitê secreto de energia. Um lobista da indústria do petróleo, Philip Cooney, auxiliar de Bush filho, removeu ou alterou descrições de pesquisas climáticas que cientistas do governo e seus supervisores já tinham aprovado, conforme denúncia do New York Times, em junho de 2005. Vários relatórios sobre mudanças climáticas, um deles inclusive encomendado ao Painel Intergovernamental (IPCC) pelo Bush pai, além de trabalhos da Academia Nacional de Ciências, da Administração do Oceano e da Atmosfera e da Nasa foram suprimidos alterados ou desconsiderados pelo governo americano. Em 2002 chegaram ao máximo: eliminaram o capítulo sobre mudanças climáticas no relatório anual do Departamento de Proteção Ambiental.

Na Austrália, país que até novembro passado acompanhava os Estados Unidos no boicote e tentativa de neutralizar a discussão sobre o Protocolo de Kyoto – a nova administração australiana mudou de opinião e aderiu ao compromisso mundial de redução de emissões – a situação era idêntica. O principal técnico da mineradora Rio Tinto, maior companhia do mundo, além de grande consumidora de energia, foi nomeado cientista – chefe do governo australiano. O ministro dos minérios e energia, Warwick Parer saiu da direção da Utah Mining, um dos maiores produtores de carvão do país. Depois descobriram que possuía 2 milhões de dólares em ações das três maiores mineradoras, sem declarar oficialmente.

Coalização do mal
Entretanto, influência mundial teve a Coalizão Global do Clima, entidade criada em 1989 por um grupo de 50 empresas, entre elas, Dupont, Exxon, Texaco, BP, Chevron, GM, enfim as principais dos setores do carvão, petróleo, químico e montadoras. Em 11 anos de existência doou 60 milhões de dólares para campanhas políticas e muitos outras milhões, na propaganda contra o debate sobre mudanças climáticas. Ainda mantém um site na internet com a mesma tese – aquecimento é uma fraude, inventada pelos cientistas do IPCC, para garantir verbas de pesquisa.

O IPCC é vinculado à Organização das Nações Unidas e faz parte da Organização Metereológica Mundial, organismo da ONU, engloba mais de 185 países, monitoram 10 mil estações na terra, 7 mil baseadas em navios e 10 satélites.

A Coalizão fechou em 2000, depois da saída de três grandes grupos, BP, Dupont e Texaco. Mas continua alimentando a discórdia como um dinossauro doente , como diz Flannery, semeando destruição, enquanto caminha para o túmulo. Um dos grandes feitos da Coalizão foi atrasar a decisão de adotar medidas de combate ao aquecimento global durante a Rio – 92. Nos Estados Unidos, assustavam o público divulgando a informação de que a gasolina subiria 50 centavos por galão (3,7 litros), se fossem adotadas iniciativas de redução das emissões.

O problema maior é que a situação não mudou. Mudaram apenas os nomes das entidades que continuam desacreditando as pesquisas científicas sobre mudanças climáticas. Na reunião em Bali, na Indonésia, onde governantes e cientistas discutiram novas propostas para a continuidade do Protocolo de Kyoto, o governo Bush, agora apenas na campanhia daqueles minúsculos principados europeus, como Mônaco, reafirmaram posição contrária à redução de emissões dos gases estufa. A indústria do carvão, petrolíferas, montadoras, principalmente, pretendem defender esta situação nos próximos 20 anos. Os cientistas em Bali mais uma vez enfatizaram a necessidade de se implantar iniciativas, para deter o aquecimento global nos próximos 10 anos. Senão, o quadro será irreversível. Na verdade já é, porque o gás carbônico, maior gás estufa, continua na atmosfera por muitos anos – de 100 a 150 anos, dependendo da fonte de informação.

Para pensar
Sem contar que os relatórios divulgados pelo IPCC formam um denominador comum. Os representantes da Arábia Saudita (maior exportador de petróleo), dos Estados unidos (maior consumidor) e da China (maior consumidor de carvão) participam das discussões e opinam. Resumindo: a situação é muito pior do que anunciado oficialmente.

Para encerrar o ano, pensar em boas festas e celebrar a chegada de 2008, reproduzo uma declaração do ex-primeiro ministro, Tony Blair, em conferência à indústria britânica:
- A emissão de gases de efeito estufa está provocando o aquecimento global em um ritmo de início significativo, que está se tornando alarmante e é simplesmente insustentável a longo prazo. E longo prazo não quero dizer daqui a séculos. Quero dizer no tempo de vida de meus filhos certamente, possivelmente no meu próprio. E com insustentável não quero dizer um fenômeno que cause problemas de ajustamento. Quero dizer um desafio tão grande em seu impacto e irreversível em seu poder destrutivo, que altera radicalmente a existência humana. Não há dúvida de que agora é hora de agir.

(Por Najar Tubino*, EcoAgencia, 18/12/2007)

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