Sulgás assegura o abastecimento de GNV e estuda absorver o aumento de preços a partir de janeiro
Depois de considerar "infeliz" a recomendação do ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner, de evitar novas conversões de carros para uso de gás natural veicular (GNV), o presidente da Sulgás, Artur Lorentz, assegurou ontem que os gaúchos têm fornecimento garantido. E sem grandes sustos no preço: a companhia estuda, mais uma vez, absorver a alta que vigorará a partir de janeiro.
Desde julho de 2006 sem reajustes no Estado, o preço do GNV tem sido objeto de polêmica. Pressionada pela necessidade de abastecer térmicas para compensar o baixo volume de água nos reservatórios das hidrelétricas, a direção da Petrobras não perde oportunidade para avisar que é preciso elevar o valor cobrado dos consumidores. Lorentz assegura que os contratos das distribuidoras abastecidas apenas com gás boliviano, caso da Sulgás, acompanham os contratos: reajustes trimestrais pela variação de uma cesta de óleos. Até dezembro, 16,2% repassados pela Petrobras à distribuidora foram absorvidos, sem prejuízo ao resultado financeiro.
- Ainda não sabemos qual vai ser o reajuste da Petrobras para nós. Em algum momento teremos de repassar, mas vamos avaliar se não é possível absorver - disse Lorentz.
Com 45 clientes até o final de 2007, a Sulgás assinou outros 40 contratos para fornecimento de GNV. Segundo Lorentz, nenhuma distribuidora indicou que pretende parar de ampliar a rede de abastecimento, ao contrário.
- O custo do GNV ainda é competitivo - justificou, ao mencionar o fato de, mesmo depois da ameaça de falta do produto, novembro ter registrado consumo recorde de 227 mil metros cúbicos diários do combustível.
Depois de investimentos modestos em 2007 (R$ 7 milhões), a Sulgás planeja quintuplicar o volume em 2008, com R$ 35 milhões em vários projetos, como um ramal para a zona sul de Porto Alegre, que atenderá ao BarraShoppingSul e cinco postos de GNV. Hoje, não há abastecimento nessa parte da cidade. Outro foco é a produção de biogás, a partir de lixo orgânico e de dejetos suínos. Na principal iniciativa, o projeto-piloto de Capitão, com capacidade para produzir 7 mil metros cúbicos ao dia, devem ser aplicados R$ 9,6 milhões, dos quais a Sulgás pretende participar com 20%. O restante virá de investidores da região.
(Zero Hora, 19/12/2007)