Uma semana em que poderiam ter emergido importantes progressos não rendeu mais que decepções. Em Bali, onde 187 delegações internacionais se reuniram para firmar um novo acordo sobre o aquecimento global, mediadores norte-americanos tiveram um desempenho propositalmente lento; agiram como mimados que não queriam proporcionar a direção de que o mundo tanto necessita.
Em Washington, desafiando a Casa Branca, os serviços e as companhias petrolíferas, o Senado norte-americano ao menos sugeriu uma singela proposta para a energia nacional. No entanto, um projeto incisivo, que de fato situasse o país rumo a uma futura política energética ambiental, ficou longe de ser colocado em pauta.
As novidades de Bali foram particularmente desanimadoras. Representantes concordaram em negociar até 2009 um novo e mais compreensivo acordo global que substitua o Protocolo de Kyoto. Pela primeira vez viu-se um comprometimento com o desmatamento, responsável por um quinto das emissões globais de carbono. Além disso, a China ainda fez promessas vagas e exigiu outros controles que certamente resultarão no futuro em apelos para “moderados e verificáveis” cortes de emissões. Os EUA por sua vez não chegaram a lugar algum, exceto a uma promessa de participar em futuras negociações.
Apesar dos pedidos de aliados europeus, americanos rejeitaram sem rodeios propostas que visassem metas provisórias de redução de gases de efeito estufa. Fora isso, os EUA ainda recusaram fornecer ao resto do mundo o que ele mais necessita: um verdadeiro comprometimento norte-americano para com a redução das emissões de âmbito nacional. Sem a iniciativa norte-americana é pouco provável que outros grandes emissores, como a China, modifiquem suas posturas.
Existe algum alívio, contudo, no fato da nova proposta de energia aprovada na última semana incluir algumas provisões – entre elas, o primeiro avanço significante, em 30 anos, no que se diz respeito aos padrões de milhas automotivas- que em algum tempo devem iniciar a redução da dependência estrangeira dos EUA de petróleo, bem como as emissões de gases de efeito estufa. Entretanto, o projeto de lei teria mais impacto caso o Senado não cancelasse duas importantes instruções, que iam contra as ambições da Casa Branca e seus grandes contribuintes industriais.
Uma das metas exigia meios para crescente produção de alternativas renováveis, como o vento. Já a segunda reduziria o preço em cerca de US$ 12 milhões em impostos destinados a companhias de petróleo e utilizaria a arrecadação para o desenvolvimento de novas tecnologias para alternativas de energia.
A decisão de manter isenção fiscal foi particularmente imprópria. Com o preço do petróleo que beira os US$ 90 o barril, companhias estão gozando de lucros, e não há evidencias para apoiar o pedido que elas necessitem de tais cortes para explorar recursos novos.
O Senado terá uma segunda chance de impor à liderança norte-americana as necessidades globais sobre a mudança climática. Um ambicioso projeto de bipartição no corte de 70% da emissão gases dos EUA foi aprovado pelo comitê e pode ganhar força no próximo ano. Embora o programa ainda resida longe da perfeição e suscite muitos debates, ele pode oferecer uma medida de resgate para administração norte-americana após a vergonhosa falha na conferência de Bali.
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The New York Times, 17/12/2007)