Pela primeira vez a Austrália se manifestou diretamente contra a caça das baleias, mesmo não demonstrando que irá utilizar a Marinha, como era especulado alguns dias atrás. O recém eleito premiê trabalhista Kevin Rudd havia prometido uma drástica mudança de rota após os 11 anos de tolerância do governo conservador com os japoneses e sua suposta caça aos cetáceos por motivos científicos.
No entanto nesta terça-feira (18/12), diplomaticamente, Rudd escolheu deixar de lado os barcos da marinha e alugou um barco de cruzeiro adaptado às condições do Antártico. O Ocean Viking, com 105 metros de comprimento e guiado por marinheiros da companhia de cruzeiros P&O, foi equipado com duas metralhadoras (manobradas por agentes da guarda costeira). No entanto, a intenção da expedição é na verdade a de tirar fotografias para documentar a carnificina das baleias.
As fotos e vídeos serão depois levados a um tribunal internacional que deverá decidir a legitimidade da caça que os japoneses insistem em chamar de pesca com foco científico. Será uma expedição entre a espionagem (pelo uso de teleobjetivas de grande potência) e o jogo diplomático.
De um lado os seis baleeiros japoneses, em direção àquela que poderá se tornar a maior caça dos últimos vinte anos, com a intenção de matar 935 baleias. Do outro, os ambientalistas com o barco Esperanza do Greenpeace, que está para zarpar do porto de Auckland, na Nova Zelândia, para interceptar os japoneses se colocando entre os grandes cetáceos e os baleeiros, para impedir a matança.
Já em rota para o mar dos gelos está o Sea Shepard, barco que no passado já esteve envolvido em violentos combates com os japoneses. E agora, pela primeira vez, os ambientalistas terão ao auxílio do governo australiano.
(Folha Online, Ambiente Brasil, 19/12/2007)