O primeiro passo para a revitalização da Orla do Guaíba foi dado na tarde desta terça-feira (18/12). Em entrevista coletiva, o secretário do Planejamento Municipal, José Fortunati, apresentou os resultados e conclusões do Relatório Orla, um plano para a qualificação urbana e resgate da área.
O estudo, que foi elaborado por técnicos da Secretaria do Planejamento, com apoio de outros órgãos do governo municipal, foi realizado durante dois anos. Nesse período, os 70km da Orla do Guaíba foram analisados, mas com foco principal no trecho que vai da Usina do Gasômetro à Ponta do Dionísio, área próxima ao terreno onde está sendo construído o Barra Shopping Sul. “Optamos por focar as ações nessas localidades, pois é neste percurso que se encontra a cidade mais consolidada e com maior circulação de pessoas”, explicou o coordenador do estudo, arquiteto Marcelo Allet.
A intenção do trabalho é devolver a orla à cidade. A história do afastamento do porto-alegrense das águas do Guaíba começa nos anos 20, com a construção do Porto, que criou uma barreira física linear. Após isso, os diversos aterros realizados na área afastaram ainda mais a população da Orla. A situação tornou-se ainda mais grave devido à grande enchente de 1941, que obrigou a implementação de um sistema de proteção contra enchentes, com a construção do muro da Mauá e de diques ao longo do trecho. “A conseqüência disso é evidente: a cidade voltou-se para o seu interior e esqueceu a Orla”, enfatizou Fortunati, lembrando que hoje, do modo como se encontra a área, não existem condições de utilização por parte dos cidadãos.
As propostas de intervenções da Prefeitura são ousadas. Com base nos projetos existentes e em execução, chamados de centralidades (Cais Mauá, Usina do Gasômetro, Anfiteatro Pôr-do-Sol, Marina Pública, trecho Praia de Belas – Parque Marinha do Brasil, Fundação Iberê Camargo, Caminho da Soberania, Pontal do Estaleiro e Barra Shopping Sul), os técnicos propõem uma série de iniciativas, como a criação de arenas esportivas, de píer com áreas de comércio e lazer, de esplanada e de um aeródromo, entre outras. “É importante destacar que este não é um projeto fechado, mas o ponto inicial para um amplo de debate sobre a orla de Porto Alegre”, ressaltou o secretário.
A partir de 2008, a prefeitura iniciará um cronograma de apresentações e discussões públicas sobre a melhor forma de aproveitamento das margens do Guaíba. “Vamos tentar sensibilizar a população para a necessidade de utilização da área e acabar com o preconceito existente em relação a mesma”, afirmou Fortunati. Após os encontros com entidades da sociedade civil, governamentais e da iniciativa privada, será lançado Concurso Público de Idéias para Qualificação da Orla. A intenção é fomentar a reflexão de profissionais e estudantes sobre a integração da cidade com as águas do Guaíba. Os projetos resultantes, elaborados com base nas diretrizes estabelecidas pelo Relatório, ajudarão a compor a nova proposta para a Orla.
Fortunati fez questão de frisar as diferenças existentes entre este plano e as iniciativas anteriores, que acabaram não saindo do papel. “Em primeiro lugar, o relatório pensa a Orla de um modo global e não apenas como projetos pontuais, como aconteceu no passado. Isso faz com que possamos planejar a área como um todo, explorando todas as suas potencialidades. Além disso, é a primeira vez que a cidade é convidada a discutir juntamente com o poder público o tema. Certamente, ao final, teremos um trabalho muito mais qualificado, real e concreto”, concluiu.
(Ascom Prefeitura de Porto Alegre, 18/12/2007)